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Continuava sem acreditar no que havia feito, chamar o Victor para minha casa é loucura. Infelizmente o relógio já marcava 18:48, não dava mais tempo para cancelar. Olhei novamente para Sophia que dormia tranquilamente no seu berço, pensei em ligar para o Gilson e pedir para que fique de olho na Sophia pra mim, mas isso não seria presciso, já que expulsaria Victor o quanto antes da minha casa. A campainha tocou o que me fez revirar os olhos, ele havia chegado, fiz uma nota mental de falar com o porteiro do prédio, como ele liberou a aberração sem a minha permissão?

— coração - Victor disse ao ver a porta aberta

Bufei, em suas mãos estavam, acredito eu, a comida que eu havia pedido para ele trazer. A blusa preta fez um lindo contraste com seus olhos. O QUE? Céus, aquela noite seria mais difícil do que eu havia pensado.

— entra.

Dei espaço pra ele entrar, a vizinha olhava para nós pela fresta da porta, provavelmente fofocaria com os outros moradores sobre a minha visita. Odiava quando isso acontecia, cada um inventava uma coisa a mais, no final a fofoca ficava longe da verdade.

— porque não aceitou meu convite?

— porque disse que estamos namorando?

— perguntei primeiro coração.

Revirei os olhos pelo apelido, Victor ainda me deixaria cega e infelizmente não por motivos bons. Seu perfume me atingiu, não era o mesmo que ele havia usado no dia que almoçamos juntos.

— não quero sair com você, simples.

— somos namorados coração, sei da sua inexperiência com o assunto, mas casais saem juntos

— não. somos. namorados - falo pausadamente.

— agora somos.

Victor tirou uma caixinha pequena do bolso de sua calça jeans, abriu rapidamente, revelando um lindo anel de prata com uma pequena pedra de ametista no centro dele. Dei de ombros como se não fosse nada demais, comecei a retirar a comida da sacola plástica, colocando em cima da mesa, e abrindo a embalagem, revelando roast beef. Salivei, não sabia que estava com fome até olhar para a comida. A carne parecia mais apetitosa que qualquer outra coisa naquele momento.

— não sou insana o suficiente para namorar você, Victor.

Ele se sentou, involuntariamente fiz o mesmo. Como ele poderia estar tão à vontade no meu apartamento? Ele não era mais bem-vindo ali.

— pensei que tivesse visto o meu e-mail

— não, todos os seus e-mails estão programado para o meu spam.

Sorri satisfeita comigo mesma quando seu lindo rosto adquiriu uma careta, adorava arrancar o sorriso convencido do rosto dele.

— se ao menos tivesse olhado, saberia do nosso namoro coração.

— você está aqui, pode muito bem me esclarecer o que está acontecendo.

— aparentemente você é lerda demais para notar - bufei com o seu comentário, ele nem me conhece direito - então serei direto, nosso namoro é uma jogada de marketing, coração.

— por quê?

— Camilo está prestes a lançar uma nova coleção, prescisamos ter uma atenção maior antes que isso acontecesse.

— e porque eu Victor? A última vez que fez isso usou uma modelo famosa, as pessoas nem sabem quem sou eu.

— Passos, você é a estilista que vai bombar com a nova coleção da Camilo, seu nome estará nas roupas.

— sempre tem os sucesso com as vendas da Camilo, pra que isso agora?

— sua lerdeza está começando a me irritar coração - revirou os olhos e respirou fundo - vamos lá, modelo famoso e herdeiro da Camilo - apontou para si próprio - estilista e a dona da nova coleção da Camilo- apontou pra mim - estamos trazendo a mídia para a empresa coração, quanto mais no topo estivermos, mais reconhecimento vai ter na sua coleção.

— e o que você ganha com isso?

— além do meu rosto na capa de todas as revistas e sites?

Revirei os olhos, era uma proposta boa, por mais que viesse de Victor. Não queria estar ligada a ele novamente, não mais.

— e se eu não aceitar?

— não dá mais tempo coração, o país inteiro já sabe do nosso namoro.

Mordisquei o lábio inferior. Poderia gritar com ele e dizer que eu não faria parte daquela mentira, que ele daria um jeito de acabar com aquele anúncio, custe o que custar, mas algo em mim não queria.

— então é isso? - ele me olhou sem entender - quero dizer, você revelou nosso "namoro" em rede nacional, e o que exatamente a gente faz agora?

Ele riu, relaxando na cadeira. Um sorriso brincou em seus lábios depois.

— revelar para o país é só o começo Passos, agora temos que ser visto juntos e nos tornar notícia até o lançamento da coleção

— mas isso é em dois meses Victor - arregalei os olhos .

Não passaria dois meses ao lado dele, nem que isso me custasse todo o meu trabalho. Tenho que pensar em Sophia, sabia que aceitar o namoro com o Victor estragaria a minha vida e a dela.

— se trazemos a mídia para a Camilo agora, não ficará tão na cara que nosso relacionamento é marketing.

— Victor não, pra mim não dá.

— tarde demais para isso coração.

Antes que eu pudesse responder qualquer coisa, Sophia começou a chorar. Victor me olhou confuso, sabia que eu não tinha filhos, ao menos não tinha até uma semana atrás.

— que merda é essa Passos? Está trabalhando de babá nas horas vagas?

Ignorei ele, fui para o quarto da Sophia, Victor me seguiu mesmo não sendo chamado. Aninhei Sophia nos meus braços, estava começando a pegar o jeito com a pequena ou pelo menos  achava que estava.

Victor olhou ao redor, vendo toda a decoração de ursinhos que Carol havia feito pra filha, me olhou confuso e um tanto surpreso. Era agora que eu explicaria para o meu chefe que eu tinha uma filha?

— é parece que temos um problema agora.

Continuei com Sophia nos meus braços, e segui Victor até minha sala. Parecia preocupado, óbvio que estaria, seu plano havia falhado.

— não me avisou que tinha uma filha.

— você não me perguntou.

Seu olhar mortal me fez rir, Sophia agarrou meu dedo com as suas mãozinhas gordas, sorri com o gesto. Aquela garotinha estava ganhando o meu coração.

— Babi isso é um problema enorme, droga - suas mãos foram para o cabelo moreno - se tivesse olhado a merda do meu e-mail não estaríamos nessa situação.

— se você tivesse me chamado para conversar antes de expor algo que não existe em rede nacional, nós não teríamos um problema.

— se te virem com a menina vão pensar que é minha filha, droga Passos - bufou

— Sophia

— o que?

— o nome dela é Sophia, e se está tão preocupado com isso é só desmentir na mídia, dizer que não deu certo, sei lá Victor, se vira.

— não, minha cova estaria cavada de fizesse isso, pensariam que eu não quis assumir a criança.

— oh claro, sua imagem tem sempre que estar impecável, me esqueci disso.

Voltei minha atenção para a bebê em meu colo, que chupava a chupeta calmamente. Era uma boa visão, que eu nunca havia pensado que veria.

— vou pensar em uma solução, nos falamos depois Passos.

Victor saiu do apartamento rapidamente, como se fugisse de algo. Ri sozinha após alguns minutos, ele nunca mudaria

DE REPENTE, MÃE - BABICTOROnde histórias criam vida. Descubra agora