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Nunca pensei que fosse me apaixonar por Arthur. Não que seu pai fosse um homem ruim, longe disso, ele era tudo o que eu sempre quis. No fundo sempre senti algo por ele, mas qualquer chance de termos algo desapareceu com a separação de Babi e Victor.

O modelo permanecia parado em minha frente, esperava que eu fizesse algo. Mas a questão era, o que eu iria fazer? Eu amava aquele homem, mas ainda assim não conseguia falar nada. Victor respirou fundo.

— presciso apenas que fale Passos, nem que seja para que vá embora. Apenas presciso da sua decisão final.

Prendi o ar.

— Vic...- desviei o olhar, não era capaz de encara-lo.

{Onze anos antes}

— não devíamos estar aqui.

— com medo de ser pega coração.

Revirei os olhos. Estávamos novamente na cobertura do novo prédio comercial dos Camilos, e como sempre Victor estava desobedecendo seu pai. O prédio estava em obras, ninguém tinha permissão para estar ali.

— estou com medo desse lugar desabar.

O modelo revirou os olhos.

— não irá desabar.

— quem garante?

— podemos mudar de assunto?

— não.

Ao contrário do que pensei, Victor sorriu malicioso. O rapaz girou rapidamente para cima de mim, me prendendo em baixo de si.

— Victor Augusto, sai de cima.

— podemos mudar de assunto agora?

— claro, vamos falar da sua dieta.

— não faço dieta.

— pois comece, está precisando.

Ele riu, deitando-se ao meu lado.

— eu estava pensando...

— você pensando? Uau, Victor Augusto sabe usar o cérebro.

O rapaz revirou os olhos.

— vai pro inferno Passos.

— o que estava pensando?

— você poderia ir comigo.

Victor não precisou terminar sua frase para que eu entendesse ao que se referia. Suspirei, aquele era um assunto delicado, muito delicado.

— Victor nós já conversamos sobre isso.

— eu sei, e você é uma cabeça dura por não aceitar minhas propostas.

— Victor Augusto, você se ofereceu para pagar a faculdade para mim. - bufei.

— coração...

— já falei que não Camilo.

— e como nós iremos ficar? - me calei, sabia bem o que eu terei que fazer e não me alegrava nada.

— daremos um jeito Victor, nós sempre damos.

Selei nossos lábios, lhe passando um pouco de confiança, ficaremos bem no final.

{Atualmente}

Victor Augusto foi embora, e junto com ele uma boa parte de sua tia também. Passei dias em sua casa, garantindo que se cuidasse. Seu pai fez o máximo que pode, mesmo de longe. Nunca vi ela tão abalada, e espero que você nunca a veja assim.

Eu sou incapaz de decidir isso.

Victor fechou os olhos, respirando fundo. Ele sorriu tristemente.

— acho que tenho minha resposta afinal.

— Victor...

{Dez anos antes}

O dia cinzento combinava com meu humor. Hoje se completa um mês que ele se foi, não estava fácil aceitar que não veria mais Victor Augusto, ao menos não do modo que eu desejava.

— eu achei!

— achou o que?

Olhei confusa para Voltan, que mantinha um lindo sorriso no rosto enquanto olhava o celular. Estávamos jogadas na cama da garota, aquela deveria ser a noite D, mas não era a mesma coisa sem ele.

— uma casa.

— pensei que fosse continuar aqui. - a loira revirou os olhos.

— podemos voltar para o mundo que não seja triste e repleto de corações partidos?

— tivemos essa conversa antes Babi, pensei que estivesse procurando também. - olhei ainda sem entender para a garota - céus Bárbara Passos, havíamos concordado de morar juntas, ou você desistiu da idéia?

Me senti culpada, estava tão perdida em meu próprio mundinho que nem se quer havia me lembrado de Carolina, e da nossa busca por casas.

— desculpa Carol, acabei perdendo um pouco o foco.

— tudo bem, veja essa e me diga o que acha.

Olhei para as fotos da casa, grande demais para nós duas, mas se era o que Carolina queria, por que não? Desviei minha atenção para meu celular, nenhuma mensagem dele.

— ele deve estar ocupado.

— não, não está.

O olhar de pena que Voltan me lançou, me fez querer gritar. Não estava mais aguentando receber aqueles olhares, eu o havia pedido para ir, não precisava ter pena de mim. Voltei minha atenção para o celular em minha mão. Minha respiração falhou ao ver uma notificação com o nome "Bruno Camilo", não tinha muito contato com o pai de Victor, então por que estava me contatando?

— quem morreu? - Carol perguntou curiosa.

— espero que ninguém.

— o que aconteceu?

Li a mensagem rapidamente, arregalando ainda mais os olhos.

— o senhor Camilo quer uma reunião comigo.

{Atualmente}

O amor pode ser cruel as vezes minha pequena, mas ainda assim, não tenha medo de amar.

Respirei fundo.

— não tire palavras da minha boca Victor.

— não preciso, você nem se quer consegue pronunciá-las em alto e bom som. - bufou. - estou cansado Passos, sei que errei diversas vezes com você e que sou uma bagunça, mas não estou pedindo para tentar arrumá-la. Nunca pedi para entrar em minha vida, e mesmo assim você entrou. Não pedi para arrumar a bagunça e ainda assim você tentou. E eu entendo completamente se quiser ir, eu mesmo iria se fosse capaz. Mas presciso que você fale, fale com toda a certeza que me quer fora da sua vida. Quero que me peça para ir embora, mas não por conta de terceiros, mas por ser o melhor para você.

— mas eu não quero.

— então por que ainda estamos aqui Babi? Se me quer, então me pegue por inteiro. Não sou um bichinho de pelúcias que você abraça as vezes, muito menos um cachorrinho para que você prende na coleira quando recebe visita que não se dá bem com cachorros. Estou tentando concertar as coisas, eu estou tentando Passos.

Encarei-o ainda incapaz de falar. Havia tanta coisa para ser dita, mas naquele momento me senti incapaz de pronunciar qualquer coisa, até mesmo seu nome.

DE REPENTE, MÃE - BABICTOROnde histórias criam vida. Descubra agora