Victória perdeu tudo.
Mutilada, abandonada e com sua reputação destruída, agora é conhecida como a vilã na história de sua irmã, a brilhante e amável futura rainha.
O Baile que era pra ser o começo do seu final feliz se tornou o ponta pé que empur...
Eu vou lutar contra todos Um exército de sete nações não conseguiria me impedir
Seven Nation Army - The White Stripes
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O gesto é rápido. Sua mão me acerta com tanta força que meu rosto vira para o lado. O lugar em que seus dedos me acertaram arde. Minha primeira reação é olhar de volta para Madame Blackwood, boquiaberta.
— Mamãe...?
— Sua maldita estúpida.
Arregalo os olhos. Noto os guardas mais ao fundo quando pigarreiam e desviam o olhar. A quentura na minha bochecha se alastra por todo o meu rosto. Queimo de vergonha. Madame Blackwood ter rompantes de raiva que alivia batendo em alguém — geralmente em mim — não é algo novo, mas é a primeira vez que faz isso diante de desconhecidos.
Mesmo não sendo muito mais alta do que eu, inclina a cabeça de uma forma que faz parecer que está me olhando de cima. Como se eu estivesse caída aos seus pés. Me sinto do tamanho de um inseto. Diminuída por como demonstrou seu poder sobre mim na frente de todas essas pessoas.
Nem mesmo penso em reclamar ou revidar. Seu olhar gélido faz uma sensação ruim me acertar com tudo na boca do estômago. Me encolho, acuada, dando alguns passos hesitantes para trás. Feito uma criancinha assustada. É patético.
Levo a mão à bochecha, para massagear um pouco e diminuir a dor, mas assim que encosto sinto algo molhado nos meus dedos. Afasto a mão com um gesto assutado e vejo gotas de sangue manchando minha pele. Ela me bateu usando um anel, cortou meu rosto. Arregalo os olhos tanto que poderiam saltar para fora do rosto.
Isso não a afeta em nada. Pelo contrário, seus passos engolem o metro de distância entre nós e me segura pelo braço. Apertando minha carne de forma dolorosa. Me contorço tentando fazer com que ela solte, mas seus dedos se fincam na minha pele.
— Sua maldita estúpida. Não consegue simplesmente viver em silêncio como eu mandei? Tem que estragar a vida de todos ao seu redor? — Seu rosto está tão perto que é impossível não notar aquela emoção incender em seus olhos. Tão instável e feroz que me fez acreditar que hoje, bem aqui na Mansão Blackwood.
Onde vivemos juntas por anos.
Madame Blackwood me mataria.
— Solte ela! — A voz faz com que mamãe erga o olhar no mesmo momento. A voz dele está estranha. Nunca o ouvimos gritar dessa forma. Pelo menos eu nunca ouvi. — Mandei soltar, agora!
Madame Blackwood observa Jon, tentando confirmar que é realmente ele. Eu poderia até rir da situação se suas unhas não estivessem furando a pele do meu braço. Ela tenta encontrar qualquer pista que prove que isso não é real, como se fosse impossível tal infortúnio cair logo sobre ela. Mas caiu. E a cada segundo que passa — e percebe que fez essa demonstração de poder bem na frente dele — sua mão aperta meu braço ainda mais. E mais, e mais e mais, até que solto um resmungo de dor.
