20.2

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Eu fiz isso tudo por ela
Então eu não estou arrependido

— If I killed someone for you - Alec Benjamin

     Volto para dentro do escritório e fecho as portas da sacada, abafando o som das vozes da multidão em frente ao portão principal

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     Volto para dentro do escritório e fecho as portas da sacada, abafando o som das vozes da multidão em frente ao portão principal. Brian está sentado em uma das poltronas azul-escura, meio escondido atrás das pilhas de documentos que entulham a mesa do escritório. Ao sentar na cadeira atrás dela, consigo vê-lo, já que ficamos frente a frente.

Brian rapidamente ergue o rosto do livro que está folheando. O modo como seus olhos me julgam tem grande efeito e estou preparado mentalmente para ser repreendido por ter escondido esse segredo de Victória até agora. Espero algumas palavras duras como você talvez não tenha mais a oportunidade de dizer a verdade ou alguma versão ainda mais dolorosa da mesma frase.

No entanto, ele escolhe o silêncio e abaixa o rosto de volta para a página onde havia parado a leitura. O suspiro demorado e cansado que deixa escapar, acaba por ser bem pior do que ouvir suas reclamações. Torna maior o peso que estou sentindo. É a primeira vez desde a nossa viagem de volta que odeio ver Brian mudar de assunto e não julgar as decisões que tomei até aqui.

— Eu estava quase contando — explico, como sentindo uma necessidade estranha de me defender. — Mas ela insistiu para que eu contasse apenas quando voltasse de viagem.

— Quando você fica desse jeito sei que vou ficar preso em alguma tarefa que não me permitirá dormi mais do que duas horas por noite. — diz, ignorando minhas explicações.

Decido deixar isso de lado também e pensar positivo. Victória acordará logo, contarei a verdade assim que ela estiver bem e lidarei com sua reação. Assim como disse que faria antes de toda essa viagem.

— Eu também não terei muitas horas de sono nos próximos dias. — indico à mesa entulhada de documentos com o queixo e Brian um pouco mais satisfeito ao ver como vou sofrer com esses papeis. Ele bem sabe como sou péssimo com administração, contas e tudo o que envolve gerir uma família.

Noto o armário de bebidas mais ao canto do cômodo. É velho e empoeirado, como grande parte dos móveis desse escritório. Não está trancado e ao abaixar para olhar lá no fundo, encontro uma garrafa caída. Limpo a poeira com as mãos e tiro a rolha, respiro fundo o aroma do vinho e tomo um longo gole. O murmúrio satisfeito que escapa da minha boca chama a atenção de Brian.

Os Blackwood são ricos, então até mesmo o gosto do vinho, de uma garrafa esquecida no fundo de um armário de bebidas, é excelente. Nem a bebida mais cara do bar do Dave se compara ao gosto disso. Era exatamente o que eu precisava para relaxar um pouco, se é que isso é possível na atual situação.

Ao me ver voltar ele marca onde parou dobrando a ponta da folha e fecha o livro. Assim que sento de volta na cadeira enorme e confortável, levo um minuto organizando meus pensamentos, antes de continuar.

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