"Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, ninguém separe".
Mateus 19:6O verão no Brooklin, a estação do ano que enriquece o bairro de Nova Iorque. Os raios do sol quente pousam nas pálpebras apertadas do diabo; Lúcifer caminhou até a praia na construção da madrugada anterior, após deixar a casa que agora guarda seu coração junto a um loiro inesquecível. Suas entranhas se contorcem todo o caminho, seus lábios úmidos pelo álcool de uma garrafa qualquer e barata que lhe foi vendida de uma barraquinha pequena pelo caminho.
As ondas batendo em seus pés o gelam, a areia lhe causa cócegas e o vento lhe corta a alma, lhe bagunça o cabelo.
A estrada movimentada da região é insurdessedora. Os carros e suas buzinas praticamente não podem ser capturadas pelos ouvidos quase surdos do diabo. Kim Taehyung era sua total face agora, era assim que o moreno se sentia, um mero mortal, fraco, sofrendo por algo que nunca imaginou sentir, o amor; o peito carrega a dor de ser rasgado. O sol estava queimando a sua pele quando Lúcifer se sentou sobre a areia, deu um longo gole naquele whisky falso que não amargava nada em comparação ao lamento que o cão se obrigava a engolir; aproveitou-se para ignorar a dureza da areia e se pois a deitar, fechando os olhos para reorganizar as ideias e evitar que os freches de sol lhe cege os olhos.
Assim que chegou ao Brooklyn, Lúcifer recebeu um panfleto mal feito por um ambulante que sorriu curioso e lhe fez rir com a frase. "Jesus te ama, mesmo que não sinta esse amor". Foi a maior piada do mundo. O diabo já não acreditava no amor, não o sentia por ninguém e não acreditava que poderiam sentir por si; a vida de Taehyung sera assim, o pai lhe negou o abraço da misericórdia, a mãe o usara para afetar a paternidade, os irmãos o julgaram e os vaiaram quando caiu do céu.
Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!Lúcifer viu os mundanos amando, observou o sentimento por toda a sua vida e até destruiu alguns. Sempre os via como bobos, se entregando completamente, mudando suas atitudes, fazendo as vontades de alguém apenas e simplesmente por amor; será esse o pior sentimento criado por Deus, será isso a grande fraqueza de todos os viventes do segundo plano...sem respostas, isso já não importava, estava entregue, rendido ao amor que sentia por Jungkook, fraco pelos olhos heterocromados, aquecido pelo sorriso com dentinhos tortos e vivendo a merce da reciprocidade disso tudo. Essa que é real.
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Depois da crise existencial na praia, Taehyung estava recostado em seu carro ao anoitecer desse mesmo dia. Com um cigarro seguro pelos lábios entreabertos. Encheu os pulmões com a nicotina, a segurou por um longo tempo e depois soltou lentamente; Jimin estava o visando pela janela do carro, apoiado sobre os braços, deitando a cabeça ali e sentindo a brisa gélida da estrada vazia. A imagem que tinha do tinhoso era deprimente, os olhos vazios agora eram diferentes, não carregavam mas a alegria de habitar a terra ou sequer de se divertir com os humanos. Os fios castanhos sendo seguros com força e os suspiros longos e exaustos, a tristeza nos lábios junto ao desânimo da voz.
-Por que fez isso?.- Jimin disse abrindo os olhos, encarando o novo olhar de dúvida do cão. -Por que se deixou perder se ama tanto a esse puritano.- continuou.-Você está horrível. Melancólico e triste.-
-Não estou triste.- mentiu. Mas não negou o amor.
O mais baixo saiu do carro, recostando-se ao lado do irmão. Puxou o cigarro de sua mão e deixou um trago.
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Aonde o diabo se esconde
RomanceExistem diversas visões do inferno de acordo com as descrições humanas, camadas nomeadas livremente por mortais, círculos duvidosos e até mesmo uma bagunça total para outreros. Na contagem dos círculos ficamos com nove, o primeiro, Limbo, seria dest...