Óleo de Prímula

Capítulo 2

Prometo que esta será a última reunião de negócios que aceito fazer em um bar da moda. A comida é ruim. A bebida é duvidosa. Além disso, as mulheres se misturam às prostitutas. Eu que sou um cara que entende das duas espécies sei que meus dois companheiros de mesa encontraram ótimos exemplares do ramo 2 mil dólares a trepada. Estão atracados com duas loiras lindas e a terceira acabou desistindo de mim ao perceber que meu cartão de crédito não se sensibilizaria por ela.

Mas, após duas horas de negociação exaustiva no meu escritório e uma série de concessões de ambos os lados, os dois executivos sugeriram este galpão barulhento para relaxarmos após a assinatura do nosso contrato.Na certeza de que todos sairão lucrando muito em alguns meses e, melhor, com a convicção de que eu já começo a ganhar desde já um bom dinheiro nessa parceria, nada mais justo do que oferecer meus tímpanos em sacrifício esta noite.

Pelos meus cálculos, aguento mais uma hora deste uísque batizado. Deixarei a conta paga para me desculpar por largá-los mais cedo e sairei correndo para honrar um merecido descanso.

Nem bem termino o pensamento rabugento e me deixo atrair por uma visão agradabilíssima. Uma mulher está debruçada no bar em frente ao nosso camarote tentando conseguir uma bebida. A distância entre nós é relativamente pequena e tenho uma panorâmica deslumbrante da cena. Uma bunda incrível. Grande e empinada. Só pode ser uma latina. Os cabelos muito longos e morenos fazem um complemento bonito.

Ela se vira segurando uma garrafa e o que já estava bom consegue ser ainda melhor. Que par de seios fantásticos. Fartos e naturais. Uma raridade nesta epidemia de silicone que desgraçou o mundo. Após fazer essa rápida checagem me dou conta de que ainda nem parei para observar o rosto da mulher de atributos invejáveis. Aperto os olhos e me inclino o que posso para melhor apreciá-la. Bingo. Ela dá de cara comigo. Linda. Uma deusa de boca carnuda.

Estendo o copo e ofereço um brinde. De imediato ela retribui e toma um longo gole da cerveja.

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Alô Terra chamando a Andrezza. O que eu acabei de fazer? Flertei com um homem lindo e agora estou apavorada. E tenho é que pensar rápido porque ele não é do tipo que curte a dança do acasalamento à distância.

No instante em que brindamos,ele deu uma volta nos calcanhares e resolveu descer do seu mundinho de Sala VIP e vir na minha direção. A cada passada larga eu vou percebendo que a escuridão do lugar me induziu a erro. Ele não é um homem lindo. É o homem mais lindo que já vi na vida.

Tudo indica que tenha 1,90 metro de altura. Ou mais. Pois é ainda mais alto do que meu filho. Um cabelo escuro, um rosto com queixo largo, um corpo musculoso sem ser do tipo fabricado por anabolizante. Deve correr, fazer capoeira, lutar muay thai, atuar em filme de ação...desacelera nas suposições filha.

Focarei nos olhos para me sentir menos intimidada. Não ajuda. À medida em que ele vai se aproximando, eu aposto numa nova cor: amarelos, verdes escuros, azuis acinzentados, que raio de olho lindo é esse meu DeusJesusCristinho?

Ao parar na minha frente, eu quase morro de vergonha ao perceber que aquele americano fora de série é, na verdade, um menino fora de série. O cara é mais novo. Que constrangimento. Será que consigo uma corda para escalar esse bar e fugir pelo telhado?

Tudo indica que, ao contrário de mim, ele não se intimidou ao paquerar uma pessoa que se apresenta na versão "eu poderia ter sido sua professora no primário".

- Você é ainda mais bonita de perto, minha cara. Prazer. Antony.

Ele só vai dizer isso? O cara vai ficar estatelado aí,olhando diretamente nos meus olhos e presenciando uma parada cardíaca?