*Another day on the solitary*

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Harry's P.O.V.

Faz hoje duas semanas desde que a Emily não aparece no emprego, tenho perguntado discretamente aos guardas o que era feito da enfermeira mas ninguém sabia responder-me ao certo. Como seria de esperar, eu tinha o pressentimento de que a tinham levado, eles tinham-na levado para a sala e eu nunca mais a iria ver. Eles roubaram o único motivo pelo qual eu estava estável. Eu tinha razões para me manter bem, para não ficar insano como todos os outros que cá estão. Ao contrário deles eu estou bem ciente do Mundo, eu não sou um psicopata, eu não sou.

Faz também uma semana desde que me trancaram na solitária, um local com pouco mais de 1 metro e sessenta, que me obriga a estar sentado ou então deitado num pequeno colchão duro no meio dessa mesma sala; não tem janelas, apenas uma ranhura na porta de metal, provavelmente para me manter vivo e com oxigénio.

Estou aqui porque me comecei a afogar nos pensamentos de que a Emily poderia estar morta por causa do director da American Psychic Prison, então quando o vi sem guardas à volta na cantina, peguei num garfo e ameacei-o com o mesmo, acabando por o perfurar na mão quando ele se negava a admitir o que aconteceu com a ajudante da enfermeira, fora mais uma mulher que ele retirara da minha vida e eu não conseguia suportar isso.

Desde então estou aqui aprisionado, como se fosse uma prisão dentro da prisão, sem contacto com ninguém do exterior, sem ninguém para me manter senil, sem ninguém com quem estar para além dos meus pensamentos que só me corroem por dentro.

Eu desci as escadas ao ouvir os gritos dos meus pais a aumentarem, cada um mais alto do que o outro, acordando-me do sono em que estava embalado.

-Tu tens de tomar os comprimidos.-a minha mãe insiste.

-Nunca mais. Acabou, Anne. - o meu pai responde com agressividade, apertando o seu pulso com força.

-Por favor, o nosso filho está a dormir lá em cima, tu sabes no que te tornas quando não os tomas.-chora ela.

-Os casais que matam juntos, ficam juntos para sempre.-ele começa sinistro.-Só tens de ir lá acima e provar que o consegues fazer.-entrega uma faca para a mão dela, fazendo com que um tremor percorra todo o meu corpo.

-Eu não o posso fazer, o Harry é nosso filho, Desmond.

-Tu és uma fraca, Anne. Não vales nada.

-Pára com isso.-ela murmura, implorando.

-E sabes o que acontece às pessoas fracas?

Ela nega lentamente com a cabeça.

-Elas sofrem.-sussurra alto e com uma voz áspera, nem parecia o meu pai de todo, ele não era assim,ou pelo menos não parecia.

Ele retira bruscamente a faca de cozinha das mãos da sua mão, deslizando a parte afiada sobre a parede, provocando um barulho arrepiante e agudo.

-Desmond pára, por favor.

Eu estava imóvel no cimo das escadas, a observar tudo com pânico no olhar, eu queria ir lá abaixo e parar com o que quer que seja que o meu pai pretende tirar desta situação, afinal eu já tinha dezasseis anos, eu tinha de me mostrar capaz de pôr um ponto final nesta cena de filme de terror que o meu pai estava a provocar.

Obrigo-me a descer as escadas lentamente e os olhares dos meus progenitores caiem sobre mim.

-Harry, vai lá para cima, já!-grita a minha mãe.

-Pare com isso.-eu afirmo para o meu pai.

-Ora, ora, se não é que a bela adormecida decidiu acordar.-ri cínico.

Serial Killer || h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora