Cristina
Passar um tempo com a minha família foi como respirar ar puro depois de um tempo sem respirar, foi revigorante e energético. Nosso dia foi divertido como muito dos que tínhamos quando Alyssone e eu éramos crianças. A noite foi mais difícil, porque depois de decidirmos dormir na casa dos nossos pais e vê-los preparando a sala para uma noite de filmes, decidi contar o que aconteceu comigo e a noite de filmes foi substituída por uma noite com todos abraçados no sofá até dormimos depois de algumas lágrimas derramadas.
De manhã tomamos café juntos e depois fui com Alysson para a casa dela ajudá-la a se preparar para uma sessão de fotos e acabamos encontrando Ryan. Assim que vimos seu estado minha irmã o obrigou a contar o que aconteceu e ficamos sabendo da briga na casa de Félix.
Me preocupei com Augusto, mas Ryan garantiu que ele estava apenas com alguns machucados pequenos, nada muito grave, porém só consegui ficar mais tranquila depois que ele apareceu na minha casa e pude averiguar pessoalmente que realmente estava bem e não muito ferido.
Augusto também me garantiu que ele é os rapazes estavam trabalhando junto com Izabely para que Félix não escapasse da justiça. Podia ver a determinação nos seus olhos e confiava que os esforços de todos eles não seriam em vão, isso era o que me dava forças para não me permitir ser machucada por aquelas lembranças outra vez.
Mesmo tentando superar, os primeiros dias depois do que aconteceu ainda foram difíceis. Apesar de estar feliz com a maneira que minha vida andava, algumas coisas me faziam relembrar o que houve e me desanimavam por um tempo, isso me fez ter a ideia de procurar uma ajuda profissional ao invés de tentar lidar com toda aquela carga só me apoiando naqueles que me faziam bem. O que acabou me ajudando também a começar a encarar outros dos meus traumas passados como aqueles provocados na minha infância por pessoas que não sabiam respeitar meu jeito de ser.
As sessões que tive com uma psicóloga do hospital do meu pai foram ao mesmo tempo dolorosas e libertadoras, era difícil me abrir e expor o que me feriu, mas no final das sessões, mesmo sentindo dor ao reviver más lembranças, podia sentir que estava bem melhor ainda que aquele fosse apenas o começo e mais adiante me sentiria ainda mais bem comigo mesma e com meu passado.
Uma semana após tudo o que aconteceu eu tinha voltado a trabalhar e agora, semanas depois, estava terminando de organizar a livraria e esperando o último cliente sair antes de fechar tudo. Contudo a garota com fones de ouvido e cabelos azuis não parecia nem perto de tirar sua concentração do livro que estava lendo há mais de uma hora sentada na mesma poltrona.
Isso me fez lembrar da minha própria adolescência, quando fazia exatamente igual, ficando horas lendo sem nem perceber o tempo passar e sem ter muitas preocupações.
Ao ouvir a porta da livraria seno abert, sorri assim que vi Augusto entrando e vindo até mim segurando uma sacola.
— Oi, Sunchine.
Ele se inclinou no balcão e me deu um beijo que fez meu sorriso ficar maior. Adorava quando ele vinha aqui.
— Vim te levar para casa. Já encomendei uma pizza e comprei chocolates. — Ergueu a sacola com os doces.
— Posso comer um? — perguntei me animando.
Augusto me olhou pensativo e seu olhar se tornar mais intenso.
— Daqui a pouco. — Olhou ao redor e depois seu olhar parou na minha boca.
O observei confusa e ele sorriu de lado me fazendo ficar corada, pois aquela era a mesma expressão que fazia quando estávamos prestes a...
— Guto! — exclamei arregalando os olhos.
— Eu sei qual era o último livro que você leu — disse com a voz baixa e finalmente desviou o olhar da minha boca para os meus olhos. — E eu disse que iria realizar suas fantasias literárias.
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Sempre Perto - Livro 4 Série: Paixão e Amor
Roman d'amourOs clichês são sempre bons, o romance entre mocinha e galã são maravilhosos, mas às vezes precisamos de um clichê diferente e é isso que Paixão e Amor traz. Cristina, aos seus vinte e quatro anos, apesar dos desafios que enfrentou ao longo dos anos...