Capítulo 28

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Cristina

Não tinha certeza de que horas eram quando o telefone de Augusto tocou, mas certamente era de madrugada e fiquei preocupada ao vê-lo atender a ligação sonolento e ficar completamente desperto depois de ouvir a pessoa do outro lado da linha. O que me contou depois quase me deixou em prantos e imediatamente nos arrumamos para ir até o hospital.

Eram quase quatro da manhã e estava sentada ao lado de Augusto na sala de espera do hospital, com a cabeça encostada no seu ombro e nossas mãos unidas. Nenhum de nós falou muito desde que nos disseram que tínhamos que esperar o médico vir falar conosco, mas tínhamos um ao outro para nos apoiar e isso amenizava um pouco as coisas.

Eu já tinha parado de chorar havia algum tempo, porém ainda me sentia triste e desolado, principalmente sem notícias e temendo que a cirurgia desse errado e algo pior acontecesse. No instante em que o médico apareceu com uma expressão cansada, nos levantamos depressa.

— A enfermeira me disse que os pais da paciente ainda não chegaram e vocês são os amigos. — Confirmamos e ele prosseguiu. — Além dos machucados evidentes e de uma costela quebrada, ela teve uma hemorragia interna e tivemos algumas complicações na cirurgia por causa da pressão dela. Felizmente conseguimos controlar a situação e agora ela se encontra estável e dormindo com o efeito dos medicamentos.

Suspirei aliviada e abracei Augusto chorando de alívio. Ela estava bem. Anna estava bem e viva.

— Quando ela vai acordar? — perguntou Augusto acariciando minhas costas.

— Provavelmente daqui algumas horas, ela não teve danos na cabeça e agora não há riscos maiores. Mas preciso dizer que em casos como esse temos protocolos para avisar a polícia, eles já estão aqui e vão aguardar ela acordar para tomarem depoimento. Se souberem de alguma coisa deveriam ir falar com eles.

Augusto acenou com uma expressão sombria que me fez abraçá-lo mais forte, pois sabíamos exatamente o que aconteceu.

O médico se foi e continuamos esperando até que os pais de Anna, que estavam viajando, chegassem para que pudéssemos ir embora e voltar depois para saber como ela estava.

Anna tinha ligado para Augusto naquela madrugada dizendo que Félix chegou totalmente bêbado em casa depois de dois dias sumido e a agrediu quando viu as malas dela prontas e percebeu que Anna planejava ir embora. Ele a espancou e a empurrou da escada antes de sair trancando-a dentro de casa, inconsciente no chão e sangrando. Assim que recobrou a consciência por alguns instantes, Anna conseguiu pegar o telefone e Augusto foi a primeira pessoa para quem disse ter pensando em pedir ajuda, então ligamos para a emergência mandar uma ambulância e quando chegamos ao hospital ela já estava sendo levada para a sala de cirurgia.

Ligamos para os pais dela depois de conseguir o número com Karol e eles disseram que estavam na cidade vizinha visitando alguns amigos mas que chegariam em poucas horas. A situação toda foi desesperadora, mais ainda porque saber que ela tinha ido para uma cirurgia significava que seu estado era grave.

Chorei por Anna, odiando imaginar pelo que ela tinha passado nas mãos de Félix sem conseguir se defender durante todo esse tempo. Ela era uma ótima pessoa e doía saber que estava tão machucada por causa de um monstro que vivia uma falsa vida perfeita e era capaz de atrocidades que deveriam ser paradas.

O que me consolou no dia seguinte foi saber que após o depoimento de Anna para a polícia, Félix tinha sido preso e agora sem chances de fiança, pelo menos não tão rápido como antes.

Karol ficou devastada ao saber de tudo o que aconteceu com Anna e, apesar de me sentir mal por vê-la tão destruída descobrindo as coisas horríveis que um dos filhos foi capaz de fazer, também contei o que ele fez comigo e Augusto teve coragem de revelar a ela o que Félix fazia com ele quando eram mais novos. Foi doloroso presenciar o jeito como ela ficou, mas era necessário que soubesse a verdade, não podíamos mais esconder isso dela.

Sempre Perto - Livro 4 Série: Paixão e AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora