Sempre Perto - Livro 4 Série: Paixão e Amor

Capítulo 12

Cristina

Todos os convidados se dispersaram e começaram a deixar a fazenda depois que Karol saiu, a maioria estavam indignados e abismados, outros furiosos. Mas quem eu pensei que ficaria mais irritado, Paulo, na verdade estava sentado em uma cadeira, com uma garrafa de bebida na mão e uma aparência de quase dar pena.

Augusto e eu conseguimos conversar com Karol, e tendo certeza de que era aquilo que ela queria e garantindo que estaria bem instalada no lugar em que escolheu ir morar, arrumamos nossas coisas e também fomos embora, porém ao contrário dos outros estávamos felizes por ela e respeitávamos suas decisões.

Quando voltei para casa, acabei me despedindo rapidamente de Augusto e assim que deitei na minha cama, as lembranças das últimas horas e de tudo o que houve começaram a me deixar mais inquieta do que esperava, pois eram dezenas de questionamentos que eu me fazia sem parar, com medo da resposta de todos eles.

Não sabia como Augusto e eu chegamos a fazer todas aquelas coisas e como tudo parecia tão natural e intenso, assim como não sabia o que aconteceria depois desse dia e como isso poderia interferir na nossa amizade, que por tanto tempo tentei preservar, ainda que para isso precisasse esconder por anos o que sentia e depois tentar superar para seguir em frente.

Havia a possibilidade de que nossa amizade continuaria a mesma e nunca falaríamos sobre o que aconteceu, assim como foi com a vez em que dormimos juntos. No entanto também era possível que o assunto surgisse na próxima vez que nos veríamos, o que quase me deixava apavorada, porque não tinha ideia do que deveria fazer, ou dizer, caso isso acontecesse, e no fim temia ter que me afastar outra vez para não precisar ouvi-lo pedir desculpas, quebrando outra vez as meu coração cheio de imaginação que demorei anos para conseguir deixar mais realista para que não vivesse tanto nas fantasias como dos meus livros.

Demorei mais do que queria para dormir e acordei mais tarde do que o planejado, precisando ir às pressas para o trabalho, que foi mais cansativo do que o normal, pois uma nova remessa de livros havia chegado de manhã e precisei catalogar e arrumar tudo nas estantes, a parte boa foi que isso deixou minha mente ocupada para ficar pensando demais e me preocupando em preparar discursos para a próxima vez que fosse encontrar Augusto.

Tinha terminado de catalogar os últimos livros, quando Ellen, a outra funcionária da livraria que estava me ajudando naquele dia, avisou que um homem queria falar comigo. Tive que me acalmar antes de sair da sala nos fundos, mas não sabia se ficava aliviada ou decepcionado quando vi que o homem que me esperava era Austin.

— Desculpe se estiver atrapalhando, mas eu mandei mensagem e acabei não tendo uma reposta, por isso vim pessoalmente.

— Eu estive ocupada o dia todo e não olhei meu telefone — falei olhando para o aparelho esquecido na minha bolsa e vi sua mensagem.

— Acho que você deveria dar uma pausa. Posso te pagar um café?

Antes parecia certo querer ter encontros, incluindo com Austin, mas agora tudo em mim estava tão diferente. Não conseguia me imaginar saindo com alguém depois de tudo o que senti quando estivesse com Augusto no fim de semana, depois de cada palavra, olhar e principalmente os beijos, que reacenderam sentimentos que tentei pensar que superei, mas que agora pareciam mais evidentes do que nunca.

Entretanto, era muito provável que eu estivesse sonhando alto demais e me iludindo com um possível romance entre melhores amigos, como já fiz uma vez na adolescência, o que poderia me impedir de conhecer e me interessar por uma pessoa legal, por quem algum dia teria sentimentos e iria me retribuir.

— Cristina. — Ouvi a voz da pessoa que habitava meus pensamentos e me virei.

Não era minha imaginação, ele estava aqui, bonito como sempre e me olhando atento do jeito que me deixava ansiosa e trazia palpitações nada normais para o meu pobre coração.