23 - A coisa certa

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- Maldita a hora que marquei este baile! A coluna social de amanhã estará recheada de murmúrios sobre nossa casa...

Conforme se aproximava a hora do baile Elizabeth se queixava mais aos ouvidos de seu pobre marido.

O Lorde Trewsky já estava tonto só de observar o vai e vem da esposa sobre o tapete macio de pele. Era perfeita a cadência de seus passos, ia acabar afundar o tapete se ela continuasse naquele ritmo por mais tempo.

- Ah como eu gostaria de estar bem longe quando tudo isso terminasse.

- Tudo isso?

- Sim, o baile! Gostaria de estar bem longe daqui amanhã de manhã. Preciso me concentrar, há algo que eu possa fazer, pensa Elizabeth, pensa!

- Amor vai acabar afundando o tapete, veja suas pegadas como estão marcadas.

Ela observou o chão com o olhar vazio.

- Já sei! Vou dar um ultimato à Erik, se ele quer mesmo se casar com a camponesa vai ter que decidir esta noite, você vai falar com o tabelião, casaremos os dois amanhã mesmo!

- No domingo?

- Sim, meu querido Leopold - ela se aproximou do marido carinhosamente, segurou seu rosto entre as mãos. - Chamei a filha do tabelião Ronan, ele virá esta noite, falará com ele?

- Elizabeth, não está se precipitando? Talvez ele queira apenas castigar o irmão e logo essa cisma com a camponesa acabe...

- Acredita mesmo nisso, esqueceu como ele olha para ela?

- Que seja! Casá-los amanhã mesmo não me parece a coisa certa a se fazer.

- Seguramente não é a coisa certa a se fazer... E meu objetivo é que ele perceba isso.

- E se ele não mudar de ideia? Teremos que manter a SUA palavra e casar os dois amanhã mesmo!

- Marido! Talvez ele não tenha coragem de contrair matrimônio amanhã mesmo, talvez meu baile ainda cumpra o obejtivo de sua existência... Pode ser que ele arrume um noivado decente esta noite mesmo.

Elizabeth sabia como convencer ao marido, arrumou-lhe a gravata borboleta. Deu-lhe um beijo na bochecha, e falou com sua voz mais doce.

- Vai conversar com o tabelião?

Leopold sabia que ela o manipulava, não importa o quão difícil seria o que tivesse que fazer, ele tinha que fazer; era sempre a melhor opção. Amava a esposa, e vê-la satisfeita era sua satisfação.

- Falarei com o tabelião - disse por fim, arrancando um sorriso terno da esposa.

* * *

As moças casadoiras dançavam animosamente pelo salão. Alguns poucos pares de pais se arriscavam à dança animada mas a maioria estava apenas observando dos cantos enquanto seus filhos aproveitavam a noite.

Uma orquestra reduzida tocava ao fundo, as mesas no lado direito exibiam a poderosa culinária da casa Trewsky, o trabalho de Magali era bem reconhecido na redondeza. Muitos adultos apareciam apenas para degustar seus famosos manjares.

Princesa estava mega possessiva, já tinha brigado com Derek amanhã inteira com crises de ciúmes. Não sabia se agradecia ou se esmurrava o cunhado por destruir a beleza de seu noivo em plena noite de baile.

Derek estava com olhos inchados e vários hematomas no rosto, e qualquer um diria que ele não sabia disso. De fato a maquiagem da dama de companhia de Princesa tinha feito um belo trabalho, mas ainda dava para perceber a surra recente.

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