No dia seguinte, Erik e Liana foram para sua nova casa que estava em completa desordem. O casebre de oito quartos não se comparava ao luxo da mansão Trewsky.
- Está pronta para o novo início de nossas vidas? - Erik abriu a porta para Liana e deu espaço para que ela passasse.
Ela sorriu grata pela gentileza, mas o aspecto decrépito da casa a distraiu e ao primeiro passo tropeçou numa falha do assoalho.
- Isso pode ser considerado um mau presságio? - ela disse após se recompor desajeitadamente. - Não acha que é demasiado inferior à mansão?
Ele entrou após ela e encaixou seu braço sob o seu.
- Sem dúvida é inferior, mas é um recomeço. E se trata da nossa única oportunidade de mudança - ele terminou a frase gargalhando.
Ele parou de rir e começou a considerar a importância daqueles passos para sua vida.
- Quando estiver devidamente arrumada será um lar aceitável para um membro da aristocracia de baixo escalão, não acha?
Baixo escalão, Liana suspirou.
- Não ligo para o tamanho da casa nem para o que as pessoas podem pensar - ela disse.
- Nem eu - ele sorriu em cumplicidade. - Meus pais acreditaram que eu dependeria deles para sempre e nosso casamento é meu grande não. Você é uma mulher maravilhosa - ele beijou a mão da esposa com humor - mas está longe de ser a nora dos sonhos de minha mãe.
Ele a soltou e começou a caminhar em círculos pelo salão. Parecia absorto em seus pensamentos.
- Derek sempre acreditou que estaria à minha frente em relação às damas da cidade e adivinha? Eu me casei com uma a quem ele tinha o especial interesse de me manter afastado, outro grande não. Eu demorei uma década para tomar algumas decisões sozinho, Liana. Se eu tenho razão em minha nova filosofia não faço a mínima ideia. Mas se tudo der certo terei minha herança de volta e ainda estarei longe da casa dos meus pais. Como em minha situação atual estou deserdado ninguém vai duvidar de meus méritos.
Ele findou seu discurso observando com atenção uma pequena estátua empoeirada sobre uma mesinha.
- E o que busca afinal? - Liana quis saber.
- Contentamento - disse com uma intensidade que a fez corar. - Um pouco de paz interior, algo que nunca tive perto dos meus pais e principalmente do meu irmão.
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Erik foi trabalhar na terra com alguns homens enquanto Liana e mais uma criada ficaram responsáveis por colocar a casa em ordem.
Começaram a limpeza pela cozinha sob orientação de Erik que logicamente pretendia que houvesse comida na hora do almoço. Liana já tinha concluído o mesmo, afinal era uma decisão óbvia.
Ela esperava que futuramente Erik estivesse tão ocupado que não tivesse tempo nem paciência para decidir qualquer coisa sobre a casa deixando em suas mãos os cuidados necessários, como qualquer esposa faria.
Anos de abandono marcavam o lugar, a cozinha especialmente. Não era mais poeira aquilo que cobria o chão e sim terra pegajosa com aparência de um tecido velho. Havia pequenos brotos secos de grama próximo à porta, quando chovia aquilo deveria ser assustador com a grama lívida se projetando para dentro da casa, mas fora da época de chuvas devia morrer e os restos deixavam o chão no aspecto que tinha aquela manhã.
Pela tarde as moças concentraram seus esforços nos quartos que ocupariam. Ao anoitecer apenas dois quartos estavam limpos, um destinado ao casal e outro que a criada ocuparia no andar debaixo. Liana estava tão exausta que não esperou o marido para jantar. Se alimentou assim que a comida ficou pronta e foi dormir revoltada com a situação daquela casa.
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Trewsky Brothers
RomanceRomance de época. Vários capítulos já prontos e em revisão. Não é hot. Sinopse: os gêmeos mais lindos e rebeldes da cidade não acreditavam quando seus pais diziam que se não tomasse rumo na vida seriam deserdados. Derek sempre acostumado a conseguir...