2 - Deserdados

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Era cedo, Liana e Derek estavam abraçados sobre a relva.

— Eu disse que era lindo ver o nascer do sol daqui.

— Sou obrigado a concordar. Mas a beleza do amanhecer não se compara ao seu sorriso, Lia, és a moça mais bela que já vi em toda a minha vida. E eu te quero...

Liana suspirava de antecipação, esperava por um pedido dele havia anos, será que finalmente aconteceria?

— Eu quero ficar com você Lia. Eu quero acordar do seu lado e declarar dia após dia o quanto eu amo você.

— Também amo você — disse ela sorrindo e com o coração palpitante. "Faça o pedido Derek, faça o pedido".

Ele entrelaçou seus dedos com os dela e levando-os a boca beijou as dobras de todos os dedos dela com um sorriso travesso nos lábios. Nunca firmaram um namoro verdadeiro mas flertavam desde a infância e já até tinham feito planos_ ainda que divergentes_ para o futuro, o sentimento que Derek lhe reservava ia além da posse.

— Ah Lia, eu te quero tanto, sofro por você. Eu tenho esse defeito, sou um homem apaixonado... A intensidade do que sinto chega a me fazer mal! — seu tom era suplicante.

Ele normalmente não era tão meloso, mas a volta de Erik há cinco meses atrás o tinha deixado desconcertado.

Liana  por ficava sem graça perto de Erik, seguia agindo da mesma forma de sempre com Derek, mas sentia-se culpada pela preferência entre os irmãos. E Derek não gostava nadinha disso. Queria que ela fosse completamente indiferente à seu irmão, mas ela não era, não conseguia ser, e pensar nisso o deixava louco de ciúmes.

— Derek! — Liana ruborizou. — Não me fale assim!

— Eu te amo tanto, te amo um tantão assim do tamanho dessa imensidão — ele apontava para o céu. — Você me ama assim?

— Tanto quanto os primeiros raios do sol, e a luz crescente da aurora no meio dessa imensidão azul linda como a cor dos teus olhos.

Derek cheio de orgulho apertava ainda mais o abraço, Erik e seus olhos verdes não podiam contra ele. Planejava um jeito de mantê-la por perto pelo resto da vida.

Sabia que suas posições sociais eram incompatíveis e jamais poderia assumí-la perante a sociedade, a faria entender isso em breve, de alguma forma faria.

Desde pequena era a menina mais graciosa que conhecera, e agora se tornara a mais linda e desejável mulher que já vira, lastimável que fosse pobre. Se ela fosse aristocrata seria a perfeição em pessoa.

Perfeitamente linda demais para o padrão das moças que trabalhavam na plantação, por isso há anos que dera um jeito de enfiá-la na cozinha para que não queimasse a pele debaixo do sol. Ela só precisava colher o que Magali precisasse para o jantar.

Isso causou um certo desconforto entre outras moças que eram colhedoras, uma inclusive chegou a abandonar a fazenda para ir viver no cabaré, mas com o tempo os ânimos foram se acalmando e logo todas voltaram a ser cordiais com Liana.

Não podia fazer nada mais enquanto estivesse na casa dos pais. Derek pretendia comprar uma casa só para ela- para os dois- onde ele pudesse estar com ela sempre que estivesse longe de sua esposa aristocrata. Ela seria sempre seu prêmio de consolação, seu porto seguro quando tivesse um dia ruim.

Ela nunca aceitara dormir com ele mas ele podia esperar tranquilamente, afinal sempre teria uma rapariga disposta a lhe der o que ela lhe negava, mas seus planos definitivos eram para Liana. 

— Ah Lia...Você é meu farol. Sinto que ficarei perdido se te perder um dia. Eu a quero do meu lado para sempre, não quero, não posso perder você.

Trewsky BrothersOnde histórias criam vida. Descubra agora