16 - Manipulador-aproveitador

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Ela estava em sua cama com Erik Trewsky e ele dormia tranquilamente, o que a revoltou ainda mais conforme os últimos fatos vinham à sua memória.

Tinha jurado que ele dormiria sozinho no quarto dele e ali estava, aparentemente muito confortável em sua desconfortável cama, com ela encaixada em seu peito entre seus braços, aquecendo-lhe, ninando-lhe.

"Manipulador-aproveitador!" Sua mente o acusava repetidamente.

Levantou no susto sentindo o frio da noite de imediato. O movimento acordou Erik que primeiro fechou os braços como se tentasse segurar algo, mas ela já estava fora de alcance.

— Saia já da minha cama – disse apontando para a porta. — Seu prepotente, manipulador-aproveitador!

Ele piscou confuso, esfregou as têmporas e penteou os cabelos com os dedos, em seguida se sentou arquejando as costas.

— Como você sobrevive a esta cama?

Ela revirou os olhos.

— Não te importa, saia já daí! Tenho que falar com Wilson.

Erik a segurou firme pelo pulso, não a deixaria sair agora. Estava na hora de lembrar quem era o patrão ali.

— Está mais calma agora? Precisa me ouvir – ele a puxou com força e a fez sentar ao seu lado. — Não vá desmaiar de novo que eu já não tenho mais paciência hoje, o assunto aqui é mais sério do que imagina.

Soou autoritário demais, lembrou-a do fatídico dia da festinha na mansão. Derek havia lhe dito algo assim quando ela saiu do recinto ao lado de Erik, tão iguais...

— Eu não desmaiei, dormi.

— Dormiu, feito uma desmaiada.

— E a propósito, por que você não foi embora ainda? O que ainda faz aqui, seu manipulador-aproveitador?

— Me acusa de duas coisas que não fiz, não manipulei nem me aproveitei de vossa graça. Fiquei porque precisamos conversar, sentei ao seu lado e acabei dormindo também...

— Não tenho mais paciência contigo hoje – ela imitava o tom de voz azedo dele. — Vamos nos casar? Como é romântico Erik...

— Isso não tem nada a ver com romantismo, Liana.

Desta vez foi ele quem ficou de pé e começou a andar de um lado para o outro no quarto.

— É claro que não, mas também não faz sentido, meu jovem. Nós não, não...

— Eu estou tentando te ajudar, Liana.

— É mesmo?

— Vou fazer de você uma dama da alta sociedade... Derek vai unir-se a Princesa Aranteli, e você não pode ficar à disposição dele...

— Não acho que esteja...

— Mas é o que ele pensa, seu ninho de amor já está prontinho na divisa. Ele pensa que pode ter tudo que quiser ... Não vai parar até que você esteja comendo aos seus pés.

— Ele não é assim.

— Sim, ele é. A prova disso é a casa que pretende dar à senhorita. Bom, eu parto do princípio que não queira a vida de concubina que ele planeja para você...

Liana meio que entrou em choque, isso explicaria o súbito romantismo de Derek.

Erik reparou na expressão frágil da figura de Liana, estava muito pálida. "Será que se sente bem o suficiente para raciocinar sobre esta conversa?" pensou.

— Apesar de que tenho certeza, muitas ficariam lisonjeadas em seu lugar, nem se importariam com o pequeno detalhe do casamento com Princesa.

— Parece uma ideia terrível, não me oporia a morar numa casa simples como essa, mas não conseguiria conviver com a possibilidade de ser a outra na vida de um homem... Vou recusar, ele não poderia me obrigar – Liana começou a se sentir claustrofóbica, respirando com dificuldades.

Trewsky BrothersOnde histórias criam vida. Descubra agora