18 - Predileta

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Erik observava o salão com os braços cruzados. Toda a criadagem estava envolvida na arrumação e Elizabeth estava feito uma piorra rodopiando por todo o lugar.

Em sua concepção feminina estava fazendo o que qualquer boa anfitriã faria decidindo as coisas do baile, mas a florista e o decorador torciam o rosto em uma expressão aflita cada vez que ela se aproximava.

Só tinha uma coisa pior do que estar em casa na véspera de um baile, fazer sala para os convidados. E muitos deles, que ficariam hospedados na residência tinham chegado a tempo do almoço em plena sexta, para desespero da cozinheira Magali.

Agora já eram quase 22 horas e dava para ver a governanta recebendo meia dúzia de pessoas da sala principal. Entre elas algumas moças elegantes.

Ele viu quando sua mãe saiu do salão para o corredor que dava para o hall de entrada com os olhos brilhantes. Alguém importante devia ter chegado.

Era o momento de abandonar sua vaga de estátua no pé da escada e subir para o quarto antes que fosse invocado, odiaria fazer sala aos convidados.

— Erik, meu filho!

"Tarde demais" pensou em um suspiro pesaroso. Virou seu corpo de má vontade, forçou um sorriso ao se aproximar das damas.

— Esta é a mãe da senhorita Lammet, aquela de falamos mais cedo – disse Elizabeth em um odioso tom cúmplice. — Viscondessa Catarina, viúva de Lammet.

Erik foi cortez, não fingiu interesse em travar conhecimento mantendo o silêncio, mas cumprimentou-lhe com um educado beijo na mão.

Estas duas são primas da senhorita, suas damas de companhia e a senhorita Hellen Lammet.

Ele sorriu instintivamente ao fitar a senhorita Hellen, sem dúvida uma das moças mais lindas que já vira em toda a sua vida. O tipo que Derek adoraria conquistar e sempre fazia, apenas para não dar tempo ao irmão.

Sorriu com a cena: eles sendo apresentados, Elizabeth deixando claro o que esperava daquilo, um noivado.

Riu-se ao imaginar a frustração do irmão, seus dias de leão interrompidos por um capricho de seus pais.

Pobre moça à sua frente, se tivesse ido à mansão um mês antes não teria saído ilesa, Derek não teria deixado ir embora sem passar por sua mão. E agora estava destinada a retornar pra casa da mesma for.a que saiu, solteira, no que dependesse dele.

Bom ele a apresentaria a alguns amigos, Derek ficaria bravo por conta disso, mas nada poderia fazer já que agora rinha uma noiva para dar atenção.

Hellen interpretou errado a diversão nos olhos do pretendente que sorria enquanto lhe beijava a mão. Acreditava ter sido favoritada.

— Tenho certeza que nossa governanta as acomodará bem, vou deixá-las em paz. Imagino que estão carecendo um bom descanso por conta da longa viagem...

— Erik, talvez queira mostar a mansão às menina Lammet? – Elizabeth perguntou exasperada, falava com muita empolgação – Vão para a sala de jogos, sabemos que já passa da hora, mas é véspera do baile,

— E véspera já é festa, não é mesmo? – acrescentou a viscondessa.

Todas olhavam para ele com expectativa, em resposta Erik soltou um desanimado bocejo.

— Já estou sonolento, cheguei há pouco do teatro, foi uma peça divertida estou fatigado do tanto que ri – mentiu. — Não seria uma companhia nada agradável sonolento assim – encerrou distorcendo a fala em um rápido bocejo.

Ele não ficava nem um pouco constrangido em rechaçar a oportunidade de travar conhecimento com a nobre convidada, fato que enervou Elizabeth ainda mais.

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