- Eu sabia que você era um negociador nato - constatou o juiz.
Era isso que fazia no mercado negro, negociava. As pessoas o procuravam e saiam sempre satisfeitas com as negociações, seja pela aquisição ou para se verem livre da perspicácia e dos cortes esmeralda dos olhos de Erik. Algumas vezes as coisas saíam do controle, era preciso apelar.
Erik tinha as repostas necessárias - nem sempre as certas. Conhecia a vida dos clientes, a escola interna onde os filhos estudavam, o navio do cruzeiro onde os pais estavam, o parque onde as filhas contumavam passear, etc.
Ninguém se atrevia a não fazer o que ele queria. O tom de voz calmo e as barbaridades que ficavam subentendidas fizeram sua fama. Era o melhor que os líderes já tinham visto em anos de contrabando.
Nenhum dos filhos do juíz demonstrava aptidão mínima para o direito. Mas Erik magoara o pai profundamente quando foi embora abandonando a família, e o direito, o grande tesouro da família. Toda a coleção de livros de direito que o pai tinha lhe presenteado no último natal ficou abandonada para trás.
- Eu aceito a proposta - disse a madame com olhos fitos no marido.
- Eu consinto - falou o juíz sem muita certeza, apenas para concordar com a esposa, só faltou-lhe o martelo para fechar bem a circunstância.
"Isso!" Erik comemorou em silêncio.
- Não vão se arrepender! - disse solenemente.
E saiu da biblioteca de cabeça erguida. Tinha uma carta na manga: um acordo com os pais. Deu de cara com Matias de braços cruzados o esperando no final do corredor.
- Eu não tinha esquecido - reclamou Erik.
- Desde o mês passado há na fazenda do Sr. Tomás 400 cabeças de boi esperando pelo vaqueiro para guiá-los até o litoral. Ele deve partir hoje ainda.
- Mas Wilson acaba de chegar!
- Não vai perder o serviço.
E tudo girou ao redor. Tinha um acordo com os pais, poderia reaver a herança em um ano se tudo corresse bem. Mas, se ela fosse embora tudo perderia a importância.
Seria mais fácil voltar para a cidade e trabalhar para o mercado negro, ganhar outras fortunas e gastar tudo em noitadas, e no cabaré. Permaner na mesma vida errada de antes, a vida que graças à seu irmão ele tinha certeza, que ainda o levaria para o inferno.
Não desta vez. Derek estava fora da jogada, e ele não iria para o inferno sem antes pelo menos tentar conquistar o paraíso, seu paraíso particular.
- Vou ao banco - Erik seguiu caminho e Matias foi logo atrás.
- Jovem Trewsky! Está enrolando para resolver a situação...
- Não deixe o vaqueiro sair até que eu volte.
Matias percebeu que não conseguiria nada. Erik vestiu a capa preta que costumava usar, pôs o chapéu e foi à cidade em seu cavalo.
Após assinar a papelada sob o olhar de ódio do banqueiro, Erik entregou a maleta que foi sendo preenchida diante de seus olhos. Dalí, Erik foi direto ao armazém da cidade.
Se aproximava das três da tarde. Erik estava sentado no banco do terminal rodoviário vazio com o relógio de bolso na mão.
Quando o ponteiro marcou exatas 15 horas ouviu-se o apito e a locomotiva com seus vagões surgiu virando a curva.
Minutos depois os operários estavam descarregando os vagões e o maquinista com as luvas pretas na mão direita aproximou-se de Erik.
- Há há, recebemos o último semanal. Parece que o juiz não está nos seus melhores dias.
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Trewsky Brothers
Любовные романыRomance de época. Vários capítulos já prontos e em revisão. Não é hot. Sinopse: os gêmeos mais lindos e rebeldes da cidade não acreditavam quando seus pais diziam que se não tomasse rumo na vida seriam deserdados. Derek sempre acostumado a conseguir...