Atrasado

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O vento fresco soprou no rosto de Gun, fazendo com que seu corpo congelasse por alguns momentos, então ficou estático antes de estender a mão para Jumpol, e sentir a prata gelada envolver seu anelar. Segundos depois entregou a mesma sensação ao mais velho.

Phunsawat sempre teve a sede de entender tudo. Analisar o ambiente, as cores e os elementos fazia parte do seu trabalho. E ele queria entender Adulkittiporn, mas é importante saber que nem tudo no mundo deve ser compreendido. - Entretanto era quase frustrante encarar para aqueles olhos amendoados, e não saber o que passava pela sua cabeça.

Porém aquilo deixou de interessar a Atthaphan a partir do momento em que aquelas mãos envolveram sua cintura, o prensando embaixo de uma árvore de cascos soltos. Ele fechou os olhos e logo sentiu o beijo, e mesmo quando Off parava, ele permanecia de olhos fechados, tentando eternizar o ato, implorando que ele não acabasse.

As folhas das copas das árvores voavam em direção ao norte, algumas caiam nos fios de cabelo alheios. A lua já não refletia sob o casal, mas estava espelhada no lago próximo. Era uma noite bonita, mas a calmaria causava ansiedade, o corpo de Jumpol por sua vez queimava, e a garganta de Gun ardia como de ele tivesse acabado de tomar um gole generoso de whisky barato.

Quando os dois pares de olhos se abriram e encararam um ao outro, os rostos ainda estavam próximos. A mão ainda envolvia a cintura do mais novo, e ela não apertava, apenas transmitia seu calor.

— Você mentiu, não comprou só o colar na loja. - Foi a fala que Atthaphan usou para quebrar o silêncio, com o tom suave e brincalhão que fez Jumpol se sentir confortável.

— Eu não menti, eu omiti.

— Para mim é a mesma coisa.

— Todos nós precisamos de segredos. - Respondeu, se afastando apenas o suficiente para tirar a folha do cabelo de Gun, e devolve-la a natureza.

— Você tem razão, melhorou a minha noite. Tanto que eu esqueci o quanto eu estava amargurado.

— Fiquei com medo que você negasse. Demorou tanto para responder.

— Eu apenas fiquei surpreso. Acho que já me privei demais dos sonhos que desejo alcançar, é hora de deixar o medo na ponte e apenas atravessar.

— Acabei de ouvir que sou um sonho que você desejava alcançar?

— Você era. É uma realidade agora. - Ele tocou as mãos de Off e fez com que seus braços envolvessem sua cintura novamente. - Eu ainda tenho medo de perder você, e ele se tornou mais real agora. Mas se eu deixar o medo me mover o que vai restar da coragem de viver?

— Estamos todos andando em uma corda bamba, é possível atravessarmos. Mas não em segurança, e por isso devemos aproveitar cada segundo enquanto estamos equilibrados. Você tem medo de me perder, eu também tenho. Isso pode ou não chegar a acontecer, não vamos esperar para ver.

— Aproveitar cada momento como se fosse o último.

— Assim o último ficará cada vez mais distante.

— Nesse momento eu só me preocupo com o agora que eu queria eternizar. Como uma foto que posso por na estante e voltar para aquele momento sempre que eu desejar.

— “Não fazemos uma foto apenas com uma câmara; ao ato de fotografar trazemos em todos os livros que lemos, os filmes que vimos, a música que ouvimos, as pessoas que amamos.”

Gun riu e negou com a cabeça:
— Ansel Adams?

— E você jurando que eu não presto atenção nas aulas.

— Você não pode me julgar. Sempre que me viro para te olhar, você está olhando pra mim.

— Ernst Hass me ensinou que a câmera não faz diferença, ela grava o que eu vejo. Mas eu preciso ver. Quero eternizar você na minha memória, assim como você me guarda nas capturas, então te observo o tempo todo.

Admiração | OffGunOnde histórias criam vida. Descubra agora