via de mão dupla

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Os dias correram como uma maratona. Jumpol treinava dia após dia sem pausa, mesmo após já ter conquistado o cargo que tanto sonhava. As atividades da faculdade ficavam para trás conforme a onda de campeonatos iam chegando, aos poucos, o homem quase se esqueceu da sensação de tocar em uma câmera.

Enquanto isso, Gun trabalhava por si mesmo, e por seu parceiro, que enquanto buscava com firmeza seu sonho decaia em notas semestrais. Sendo assim, Phunsawat se encarregava em finalizar os seus próprios trabalhos e os de seu namorado também. O que o impedia de assistir com tanta frequência os jogos que antes fazia questão de não perder nenhum único tempo.

Já era tarde da noite, mas Phunsawat voltou à faculdade para revelar algumas imagens. A câmara escura forçava a vista do menor, uma vista por sua vez já extremamente cansada. Ele cantarolava algo enquanto esperava o processo químico fazer o seu trabalho, e se movia de um lado a outro para que não dormisse.
Estava completamente sozinho até então, por isso, a última coisa que esperava era ouvir aquela porta sendo aberta.

— O que está cantando? - A voz conhecida vez Phunsawat dar um pulo antes de virar-se.

— Papi? - Gun sorriu e Off também. Pouco antes do mais alto aproximar-se e abraça-lo, depositado um beijo em sua testa: - O que está fazendo aqui?

— Me disseram que você estaria aqui, eu senti a sua falta hoje.

O menor respirou fundo e tombou a cabeça para trás, acariciando o rosto coberto pela luz vermelha.

— Eu também sinto a sua falta, mas estou garantindo que você não perca a sua bolsa e o seu lugar como capitão no momento.

— Lookjun disse que você está fazendo os trabalhos por mim. Sabe que não precisa fazer isso.

— Você tem outras coisas para se preocupar no momento.

— Eu posso lidar com as minhas próprias consequências, isso só vai te sobrecarregar.

— Estamos no final do ano, Papi. A reta final... se você não se formar tudo que lutou para alcançar nos meses em que se passaram vai virar nada mais do que um "quase". - O menor se afastou do namorado e caminhou novamente até os potes, afim de pendurar as imagens: - Eu sei que você gosta de fotografia, mas sabe que esse lugar não é pra você. Então... não se preocupe com isso agora, eu resolvo essa parte.

— Na verdade... eu estou exagerando um pouco nos treinos. Não há necessidade de fazer isso todos os dias, e eu sinto muita falta de você lá, sabia?

— Sente falta do seu maior fã? - Provocou sorrindo, sentindo o mais velho abraça-lo por trás.

— Sinto falta dos beijos do meu paparazzi.

Phunsawat sorriu, deixando a pinça na bancada, se virando lentamente para a frente.

— Nem parece que estamos no mesmo campus nas últimas semanas.

— É um inferno, não acha? Sinto que me tornei apenas seu melhor amigo de novo.

— É melhor virar essa boca pra lá. - Gun riu.

— Para onde? Pra lá? - Apontou para o lado e Atthaphan negou, segurando o queixo de Off.

— Não, pra cá. - Respondeu se aproximando para toma-lo em um beijo de saudade. Sentindo um sorriso pincelar a feição do próprio namorado.

— E então, qual é o trabalho?

— Transmitir nostalgia em um objeto através de uma imagem. Resolvi que não havia método mais eficiente que o modelo vintage.

— Por que não usou uma Polaroid?

— Qual seria a graça?

Off riu e acenou:
— Isso é bem você. E então, o que preparou? - Questionou levantando o rosto para ver a fotografia, arregalando seus pequenos olhos amendoados: - Essa é a câmera que eu te dei?

— Sim, a primeira. Se lembra dela?

— Eu me lembro, você disse que sua prima tinha ganhado uma câmera e me mostrou as fotos que tirou. Esperei seu aniversário chegar para te dar uma também.

— Eu lembro que você começou a vender suas cartinhas colecionáveis para comprar pra mim. - Gun riu cobrindo os lábios, sempre considerou aquela ação extremamente romântica, era uma memória que ele guardava com apresso.

— Você comprou uma bola de basquete pra mim pouco tempo depois, a minha primeira também.

— Mas não se compara ao seu sacrifício, eu ganhava mesada.

— Oh, isso não é uma competição. Ela é importante pra mim até hoje, mantenho guardada mesmo que já tenha murchado. Eu fiquei muito feliz no dia, tão feliz que quase te beijei, mas no final fui preso pela vergonha, até mesmo de te abraçar. Era assim sempre que eu percebia esse sentimento diferente por você.

— Então era por isso? Todas as vezes em que você parecia um estabanado falando comigo era por causa dos seus sentimentos?

Jumpol acenou, e Gun corou. Mas Off nunca saberia, pois, aquela sala em tons de vermelho sangue não permitiria.

— Como acha que seria caso nós dois tivéssemos admitido isso um para o outro quando novos?

— Não acho que daria certo. As nossa experiências em outros relacionamentos foi o que realmente fez a gente dar valor ao que sentíamos um pelo outro. Te ver com outras pessoas doía muito, mas foi isso que fez com que... quando eu conseguisse te beijar, eu nunca mais quisesse parar. Foi a maturidade que me fez perceber que eu te amava, Gun, agora não sinto que posso te perder e isso me faz feliz.

O menor acenou e abraçou-o, afogando em seu cheiro perfumado enquanto fechava os olhos:
— Você realmente não vai. Meu coração nasceu para ser seu, e mesmo que eu estivesse com outra pessoa, ele continuaria sendo seu.

— A minha alma é sua, e espero continuar sendo seu mesmo nas próximas vidas.

— É? - Ele riu baixinho: - O que gostaria de ser na próxima vida? Se pudesse escolher.

— Um empresário bem rico.

— Oh... isso é bem você. - Comentou, rindo ainda mais.

— E você? O que gostaria de ser?

— Eu acho que se não fosse fotógrafo eu... não sei, gostaria de alguma profissão que me permitisse cuidar de crianças.

— E como pensa que nos encontraríamos em profissões tão diferentes? - Questionou-o, franzindo o cenho.

— Eu não sei, vá que eu tenho um orfanato ou talvez uma ONG, e você como um grande empresário rico resolva me financiar?

— Tão inteligente. Vamos criar criancinhas fofas juntos enquanto eu faço você se apaixonar por mim de novo.

— Isso não vai ser difícil. Aliás, voltando aos presentes, você citou a bola de basquete. Realmente tem ela guardada?

— É claro que sim.

— Podemos ir na sua casa amanhã para fotografar? Eu estava em dúvida de como faria seu trabalho dessa vez, mas isso me deu uma ideia.

— É claro que sim, eu vou me esforçar para ele dessa vez. Chega de deixar tudo nas suas costas, não é por que estamos traçando objetivos diferentes que nossos gostos em comum mudaram.

— É bom ouvir isso.

Admiração | OffGunOnde histórias criam vida. Descubra agora