Fotografia

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A arte é a voz de um artista, quando ele sente tristeza e a transcreve para uma folha, para uma pintura ou até mesmo para uma fotografia, ela se torna mil vezes mais intensa. Mas e quando o artista transcreve a paixão? O amor, a admiração...

Os sons de cliques ecoavam pelos ouvidos do jovem estudante de fotografia: Gun Atthaphan; que tirava: uma, duas, três fotos de seu melhor amigo, que jogava arduamente um jogo de basquete embaixo do sol ardente, tal qual fazia sua pele transpirar, seus fios longos colarem em sua testa e seu eu ofegar. – Uma imagem para se enquadrar.

Quem corria de um lado a outro era Off Jumpol, mas Gun era aquele que sentia falta de ar apenas ao assisti-lo em seu atual estado. Os sentimentos do mais novo vinham crescendo a sete anos, desde que conheceu Adullkttiporn no ensino médio, e migrou para a faculdade junto do mesmo.

De início a ideia era apenas tê-lo como um bom amigo para sair, rir ou se apoiar, mas logo a conexão foi crescendo e algo se tornou diferente.

Phunsawat começou a ver Jumpol com outros olhos, encontrar nele coisas que antes não via, como: seu olhar que o hipnotizava com tanta facilidade, suas mãos largas que apertavam seu corpo a cada abraço, seu estilo no qual chamava a atenção de qualquer um que o encarasse, seu corpo que se encaixava tão bem consigo o que o tornava comparável a uma escultura grega, seu cheiro... um vício para o outro homem. Aos poucos, Off Jumpol tornava Gun Atthaphan um ser cada vez mais impuro.

Sua paixão encubada era expressada através de suas fotografias, qualquer um que as observasse veria que ali estavam sobrepostos todos os mais profundos, sinceros e secretos sentimentos de Phunsawat. – Off Jumpol amava cada uma delas.

— O que está fazendo? – O dono da voz arfante perguntou, jogando seu corpo por cima do colo de Gun para espiar o que ele fazia com aquela câmera tão chamativa. Com um susto, Atthaphan jogou seu corpo para trás, escondendo a câmera e fazendo com que Off caísse por cima de seu corpo. — O que tem de tão secreto aí que eu não posso ver? – Questionou o mais velho com a sobrancelha arqueada, o estudante não ousou soltar seu ar tendo o rosto do outro tão próximo ao seu, então com um breve movimento apontou a câmera para a face de Off, e com um click fez o flash da mesma atingir os olhos de Jumpol e fazer com que ele se levantasse instantaneamente.

Gun riu e se sentou, entregando a câmera para o melhor amigo.

— Fotos suas.

— Não precisava ter feito isso se não queria que eu visse elas! – Retrucou coçando os olhos, enquanto os mantinha fechados. Segurando a câmera cuidadosamente antes de enfim analisar as fotografias que poderiam já ser consideradas profissionais.

— Você pode ver, eu só tomei um susto, não precisava chegar tão de repente. Então, você gostou delas?

— É impossível não gostar. – Respondeu de imediato enquanto sorria para as fotografias. Jumpol tinha completa ciência de que tudo que Gun fazia quando seu próprio nome estava relacionado, era de certo modo, especial. Sua importância para a vida de Atthaphan era nítida não só em suas obras, mas também em suas ações.

— Sinto falta das suas análises. – Rebateu, se curvando para encarar as fotos junto do amigo.

— Quer que eu analise essas? – Perguntou encarando o mais novo, que concordou com um simples gesto de cabeça. — Você escureceu a foto, desfocou o fundo, ressaltou os detalhes, a cor da minha pele, dos meus lábios e até... as gotas que estão escorrendo pelo meu pescoço. Em todas as capturas eu estou com os olhos fechados ou cerrados, pareço estar a todo instante ou concentrado ou cansado. Suas fotos estão... – Ele fez uma pausa, enquanto encarava fixamente o aparelho, Gun pode assistir Jumpol hidratar os próprios lábios com saliva, assim que a sua língua passou por ele, e então, suas visões se encontrarem. – Quentes.

Admiração | OffGunOnde histórias criam vida. Descubra agora