O Despertar Das Rosas Negras - Melhores histórias 2022 LP

Prólogo

Uma bela jovem de cabelos loiros curtos e olhos tão verdes como dois gumes de esmeralda, sorriu alegremente e rolou pela grama fresca sentindo as pequenas gotículas de água escorrendo pela sua pele jovial. Uma melodia suave e entorpecente saiu da sua boca sendo confundida com o mais belo canto das sereias. Uma aura suave emanou do lugar irradiando ondas de pura felicidade, como se o paraíso tivesse instalado na terra e não quisesse partir. Flores de diversas espécies floresceram ao seu redor trazendo um aroma perfumado da natureza para o ambiente.

 De repente ela parou de cantar e encarou o horizonte com os olhos arregalados. No meio de tanta beleza surgiu uma rosa negra, como se fosse uma anomalia, como se ela não pertencesse ao lugar. Os cabelos da bela jovem cresceram e das suas mãos saiu um emaranhado de trepadeiras em direção ao chão. Um grito de desespero soltou-se da sua garganta e a sua cara começou a desfigurar-se, saindo camadas grossas de pele, como se ela tivesse sido exposta ao sol por demasiado tempo.

No lugar da pele jovial e alva, apareceram rugas profundas e horrendas. As suas pupilas dilataram-se e as suas írises tornaram-se negras, semelhando a mais profunda escuridão. Os seus cabelos embranqueceram e começaram a cair. Seus dentes outrora belos, branquinhos e alinhados tornaram-se pútridos e os seus lábios rosados rasgaram-se em um sorriso macabro, como se escondessem a insignificância da existência humana.

O seu corpo anteriormente altivo, começou a curvar-se e as suas vestes outrora azul celeste, enegreceram e transformaram-se em trapos. Uma melodia fúnebre escapou dos seus lábios e insetos de todos os tipos saíam da sua boca. O lugar outrora paradisíaco transformou-se num lugar pútrido, escuro e deformado.

— Eu sou a Banshee e comigo trago a morte! — As palavras arrastadas saíram da sua boca e uma gargalhada maldosa ecoou sobre o local, fazendo os mais corajosos estremecerem.

Acordei assustada, chorando descontrolada.

— Maly? Estas bem? — Sara perguntou-me preocupada, verificando as minhas pupilas.

— Eu tive mais um dos meus pesadelos horríveis. — Disse ainda tremendo, sem conseguir tirar a imagem daquela velha da minha cabeça. Não era a primeira vez que eu a via. Malditos sonhos!

— O que sonhaste? — Minha irmã perguntou-me já aterrorizada, segurando as minhas mãos, como se já soubesse a minha resposta.

— Sonhei com o presságio da morte! — Ela estremeceu e abraçou-me aterrorizada, porque sabia que coisas ruins estavam próximas e poderiam acontecer a qualquer momento.