Capítulo 11 - Palpitações

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7 anos atrás

Abri a portinhola da sala subterrânea com cautela e espreitei para fora. Fiz um sinal de silêncio para o menino.

— Já volto. — Saí com cautela do meu esconderijo e atravessei o jardim de rosas do meu avô. O feudo estava um alvoroço e os soldados estavam por todo o lado a procura do menino fugitivo. Segui a trilha da hortinha caseira e entrei para dentro de casa pela porta traseira, tentando não ser flagrada pelos mais velhos.

— Maly! — A voz do meu avô fez-se sobressaltar. Voltei para trás e encarei-o com um sorriso amarelo.

— Sim avôoo!!!

— O que estás escondendo mocinha? — Ele pegou-me pelos braços fazendo-me estagnar. Olhei para todos os lados evitando o seu olhar.

Senti umas batidas na porta e desvencilhei-me das suas mãos abrindo-a. Cecília entrou no cômodo em modo furacão carregando Alina nos braços e segurando o Lucas pelo pulso.

— O que fizeste Maly? — Cecília disparou logo assim que entrou. O meu sangue gelou e fuzilei o Lucas com os olhos. — O Lucas contou-me tudo. Como podes ser tão irresponsável ao ponto de colocar a vida do seu sobrinho em risco e ainda trazer um estranho para dentro de casa?

— Menino fofoqueiro! — Piniquei as orelhas do Lucas e ele fugiu do meu alcance gritando de dor.

— Maly! Comporta-te e explica-te! — O meu avô pôs-se a minha frente com uma carranca aborrecida. Abaixei a cabeça amuada e retorci as mãos num ato de desespero.

— Eu não tive opção avô. Ele estava sendo perseguido e eu precisava escondê-lo. — Lágrimas começaram a descer pela minha face e a minha voz tremia. Desta vez eu tinha errado feio. — Ele salvou o Lucas. — Acrescentei no fim na tentativa falha de suavizar a situação.

O meu avô inspirou fundo e cruzou os braços. Trocou olhares significativos com a Cecília e prosseguiu.

— Onde este menino está escondido?

— Na parte proibida da casa. — Lucas disparou e abomino-o mais uma vez com os olhos com um misto de raiva e desespero.

— Avô desculpe-me. Eu não tive opção. — Choraminguei indo em sua direção, mas ele parou-me com um gesto de mãos.

— Silêncio! — Meu avô espreitou pela janela da casa às pressas, correndo os cortinados. — Lucas e Maly lavem-se e troquem de roupa. Rápido! Escondem estes que estão vestidos. Cecília vá até ao jardim de rosas e esconde a passagem com terra e espalha um pouco de rosmaninho pelo caminho e pela casa para confundir o olfato dos cães. Eu vou tentar empatar os soldados. — Ele saiu pela porta da frente e bateu-a com força, fazendo-me estremecer.

Tratamos de fazer o que o patriarca mandou sem questionamentos. Entrei no quarto dos meus pais e peguei uma das minhas túnicas amarronzadas e a banheira, enchendo-a com água fria. Eu e o Lucas lavamo-nos e trocamo-nos de roupas.

O meu coração estava a mil, se os soldados descobrissem que a família estava escondendo um fugitivo, seriamos considerados traidores da coroa e executados. A minha irmã espalhava ramos de rosmaninho pela casa e espreitava pela janela da sala de convivência inquieta.

— Já estão próximos. Crianças fiquem atentos e não digam nenhuma palavra. — Cecília correu os cortinados mais uma vez e fez um carinho nos cabelos da Alina, tentando acalmar a mais nova. — Onde colocaram as roupas? — Eu e o Lucas nos entreolhamos. Tínhamos mudado de roupa, mas esquecemos de esconder as outras. O cheiro do menino com certeza estaria impregnado em ambas as peças.

O Despertar Das Rosas Negras - Melhores histórias 2022 LPOnde histórias criam vida. Descubra agora