Amor & Tormenta {Jikook}

Capítulo 6. Partindo

➼ Boa leitura!

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Capítulo 6 - Partindo

Jungkook amassou a capa de lã cinza firmando melhor ao redor dos ombros. O vento soprava frio essa manhã, introduzindo dedos de gelo sob suas saias e enroscando em seus ossos. Normalmente não teria saído em um dia como esse, e muito menos a pé, mas necessitava de um tempo a sós para pensar e a casa estava cheia de alfas.

Com dois deles, seu pai e Jimin, não queria falar. Daí pareceu que o melhor seria dar uma caminhada pelo campo.

Deu chute em uma pedra.

O que faz um ômega quando no café da manhã tem em frente um alfa que o viu nu e se acariciando?

Se não desse tanta vergonha perguntaria a Seokjin. Seguro que seu amigo encontraria alguma resposta, mesmo que não fosse a correta. E talvez o ajudaria a superar esse detalhe espantoso.

Foi horroroso que ele o visse assim. Horroroso, mas também maravilhoso, em certo modo um segredo, devasso e perverso.

Na verdade, gostou que ele o olhasse. Se fosse sincero consigo mesmo reconheceria que desejou que ficasse. Ficasse e...

Ouviu atrás uns passos rápidos e pesados. Repentinamente caiu na conta de que não estava sozinho no caminho e não havia nenhuma casa à vista. Normalmente Maiden Hill era um povoado tranquilo, mas de todos os modos... Girou-se para enfrentar a quem quer que desejasse pegá-lo despreparado. Não era um bandido. Era muito pior. Era Jimin.

Quis sair correndo.

— Espere. — disse ele. Sua voz soou suave, apagada. Abriu a boca e voltou a fechá-la, como se não soubesse mais o que dizer.

Diante dessa mudez, Jungkook sentiu algo melhor. Seria possível que ele se sentisse tão espantado como si?

Não usava chapéu nem peruca e o olhava fixamente em silêncio. Seus olhos cinza desejosos, quase como se necessitasse algo de Jungkook. Medindo o terreno, disse:

— Vou caminhar pelas colinas de giz. Gostaria de me acompanhar?

— Sim, por favor, meu anjo.

E de repente tudo mudou. Reatou a marcha e o alfa o acompanhou.

— Na primavera este bosque está cheio de jacintos e campainhas azuis — disse, fazendo um gesto por volta das árvores — É uma verdadeira pena que tenha vindo nesta época do ano quando tudo está tão triste.

— Da próxima vez que me ataquem tentarei que o programem para verão — murmurou ele.

— Na primavera, na verdade.

Jimin o olhou. Jungkook sorriu irônico.

— É quando florescem as campainhas.

— Ah.

— Quando éramos crianças, minha mãe nos trazia aqui para lanchar na primavera, depois de ter estado presos em casa todo o inverno. Naturalmente meu pai estava longe, no mar, a maior parte do tempo. Jungseo e eu recolhíamos todas as campainhas que nos cabiam nos braços e as colocávamos no colo.

— Dá a impressão de que era uma mãe com muita paciência.

— Era.

— Quando morreu? — perguntou ele, em tom doce, íntimo.

Jungkook voltou a recordar que o havia visto nu, em seu estado mais vulnerável. Olhou para frente.

— Faz onze anos. Eu tinha treze.