Capítulo 8. Impossível esquecê-lo

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Capítulo 8 - Impossível esquecê-lo

— Está louco. — declarou Seokjin.

Jungkook pegou outra geleia rosada. Essas guloseimas davam a impressão de não ser comestíveis com essa cor tão antinatural, mas gostava de todas maneiras. 

— Louco, lhe digo. — repetiu Seokjin, em voz tão alta que despertou o gato cinza listrado que repousava em seu colo. Bichano desceu de um salto e partiu bufando. 

Enquanto tomavam o chá, Seokjin intercalava exclamações sobre seu fracassado romance. Com exceção de seu pai, todos o olhavam com pena esses dias. Inclusive Hedge tinha ficando de suspiros quando Jungkook passava por seu lado. 

A sala de estar principal da pequena casa de dois andares que Seokjin compartilhava com sua mãe viúva estava ensolarada essa tarde. Jungkook sabia que as finanças não iam nada bem desde a morte do senhor McCullough, mas isso não se adivinharia jamais olhando a sala de estar. 

Simpáticas aquarelas adornavam a parede, pintadas habilmente por Seokjin. Sobre os dois sofás havia almofadas em preto e amarelo, dispostas de uma maneira ao mesmo tempo descuidada e elegante. Não era provável que alguém se desse conta de que debaixo deles a tapeçaria estava um pouco puída. 

Seokjin não fez o menor caso do abandono do gato. 

— Esse alfa levou três anos te cortejando. Cinco, se tomarmos em conta o tempo para ter coragem de falar com você. 

Jungkook pegou outra geleia. 

— Sei. 

— Tooodas as terças-feiras sem falta. — carrancudo, Seokjin franziu os lábios em um adorável beicinho — Sabia que algumas pessoas do povoado punham à hora em seus relógios pela carruagem de Namjoon quando passava de caminho a sua casa? 

Jungkook negou com a cabeça. Tinha a boca cheia desse pegajoso doce. 

— Bom, é certo que sim. E agora, como a senhora Hardy vai saber a hora?

O ômega deu de ombros. 

— Três. Loongos. Anos. — uma mecha dourada tinha soltado do coque e saltou com cada palavra, para dar ênfase — E então Namjoon, por fim, pooor fim, consegue te pedir a mão em santo matrimônio e o que você faz? 

Ele engoliu, respondendo:

— O rejeito. 

— O rejeita. — disse Seokjin, como se não o tivesse ouvido. — Por quê? Como pôde acontecer? 

— O que me ocorreu foi que não suportaria cinquenta anos mais o ouvindo falar das reparações do teto da igreja. E que não suportava a ideia de viver em relação íntima com um alfa que não fosse Jimin. 

Seokjin recostou no sofá como se tivesse posto uma aranha viva diante do nariz sugerindo que a comesse. 

— Reparações no teto da igreja? Não prestou atenção nestes últimos três anos? Ele sempre tagarela sobre as reparações do teto da igreja, escândalos na igreja... 

— O sino da igreja. 

Seokjin franziu o cenho, lembrando:

— O cemitério. 

— As tumbas do cemitério. 

— O sacristão da igreja, os bancos da igreja e os chás da igreja — acrescentou Seokjin. inclinou-se, com os olhos azul muito abertos — É o ajudante da igreja, sobrinho do padre. Supõe-se que tem que aborrecer a todo mundo dando a língua para falar da maldita igreja. 

Amor & Tormenta {Jikook}Onde histórias criam vida. Descubra agora