Capítulo 20. Mudando o final

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➼ Atrasei um diazinho porque estou lotada de coisas pra estudar. Mas aqui estou com o nosso final. Boa leitura, docinhos 💖

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Capítulo 20 - Mudando o final

A luz das velas do candelabro se refletia no chão da estufa fazendo-o brilhar. As partes de vidro resplandeciam como um tapete de diamantes. Passado um longo momento a contemplá-lo, sentiu o frio.

Levantou a vista.

O vento entrava assobiando pelo que antes era um teto de cristal, fazendo piscar as chamas das velas e ameaçando as apagar. Levantou mais alto o candelabro. Todos os painéis de vidro estavam quebrados e dentados. O céu, já cinza ao começar a clarear o dia…

Quem...?

Sem querer, avançou pelo corredor como se seus pés se movessem por vontade própria. Os vidros quebrados rangiam sob suas botas, raspando os tijolos. Os vasos de barro da terracota estavam aglomerados de qualquer maneira sobre as mesas, destruídas e esmagadas, como se uma enorme e furiosa onda tivesse passado por ali.

Avançou a tropeções, sentindo deslizar partes de vidros sob os pés. As roseiras caídas, em diversas fases de floração, estavam dispersas por toda parte. De um dos painéis pendurava uma bola de raízes. Pétalas rosa e vermelhas pareciam sangrar no chão, seu conhecido perfume curiosamente ausente. Tocou uma pétala e o sentiu derreter-se e encolher-se com o calor de sua mão. A rosa estava congelada. O frio ar invernal tinha entrado atacando sem piedade as protegidas flores. Mortas. Todas as rosas estavam mortas.

Chegou ao centro da estufa, onde tinha estado a cúpula, e se deteve. Só ficava a armação, com pedacinho de vidro pendurando. A fonte de mármore estava quebrada e descascada, como se a tivessem golpeado com um martelo gigantesco. Uma pluma de gelo se elevava nela, imóvel, a água congelada a metade do rebote. Mais gelo se sobressaiu de uma fenda, e se alargava formando um lago gelado ao redor. Debaixo do gelo brilhavam pedacinhos de vidro, horrorosamente belos.

Cambaleou pela comoção. Uma rajada de vento passou uivando pelo recinto e apagou as velas, deixando somente uma acesa.

Jimin deve ter feito isso; tinha destruído sua estufa de sonho. Por quê?

Ajoelhou-se e agachou no frio chão, sustentando na palma adormecida a única vela que ficava acesa.

Tinha visto com que ternura cuidava de suas plantas. Recordava sua expressão de orgulho quando Jungkook viu pela primeira vez a cúpula e a fonte. Se ele tivesse destruído todo isso... Deve ter perdido a esperança. Toda esperança.

O deixou, mesmo quando tinha prometido não abandoná-lo, pela memória de sua mãe. Amava-o e Jungkook o abandonou.

Subiu-lhe um soluço à garganta.

Como poderia sobreviver ao duelo assim, sem esperança? Tentaria ganhá-lo pelo menos? Se soubesse onde seria o duelo, poderia ir e detê-lo. Mas não tinha nem ideia de onde; advertiu que ocultaria o lugar desse duelo e o cumpriu. Não podia detê-lo, compreendeu, dolorosamente. Ele ia de caminho ao duelo, era possível que já estivesse lá, preparando-se para combater no frio e a escuridão e não poderia impedi-lo, não poderia salvá-lo. Não podia fazer nada.

Passeou o olhar pela estufa destruída, mas não encontrou nenhuma resposta.

Deus santo, morreria. Perderia-o sem ter tido sequer a oportunidade de dizer quanto significava para si, quanto o amava.

Jimin.

Só, na escura estufa destruída, chorou, com o corpo estremecido pelos soluços e o frio, e por fim reconheceu o que tinha tido escondido no fundo do coração: amava seu marido. Amava Jimin.

Amor & Tormenta {Jikook}Onde histórias criam vida. Descubra agora