Capítulo 14. Mais uma caça

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Capítulo 14 - Mais uma caça

Meu Deus!

Jungkook despertou sobressaltado, com a respiração agitada. O quarto estava escuro e tinha os lençóis pregados ao corpo pelo suor frio que o cobria. Ficou muito quieto para tentar acalmar a respiração, tão quieto como um coelho ao ver uma serpente.

O sonho tinha sido muito claro. Sangrento. Mas já estava desaparecendo. A única coisa que recordava era o medo e a sensação de desesperança. Despertou porque no sonho estava gritando e a surpreendeu que o som de seus gritos fosse tão fantasmal como as imagens.

Finalmente se moveu com os músculos doloridos por ter estado tensos tanto momento. Alargou a mão para tocar Jimin, para tranquilizar-se, para comprovar que havia vida, inclusive na escuridão da noite e seu pesadelo. Mas ele não estava na cama. Teria se levantado para ir à privada?

- Jimin?

Não houve resposta. O silêncio inspirou esse medo irracional que só vem acontecida à meia noite em que não fica nada vivo, em que tudo morreu: estava sozinho em uma casa morta.

Deu uma sacudida e se levantou, fazendo um gesto de dor ao sentir o puxão na ferida do lado. Pôs os pés no frio tapete e apalpou o ar procurando a vela na mesinha de noite e então recordou que ficou adormecido no quarto de Jimin. A mesinha estava do outro lado da cama.

Rodeou a cama, agarrando-se das cortinas para guiar-se e medindo com os pés. A única coisa que recordava do quarto que viu essa noite era a impressão de escuridão, de cores severas, quase tudo em azul escuro, prata e algum roxo, e a cama era maior ainda que a sua.

Alargou a mão, medindo, tocou um livro e mais à frente a vela. Na lareira ainda brilhavam brasas acesas, assim foi acender a vela lá. A fraca chama não deixava ver muito do quarto, mas já sabia que ele não estava ali.

Colocou o vestido com que tinha ido ao teatro e ainda por cima a capa, para ocultar a realidade de que não podia abotoar à costas sozinho. Depois procurou seus sapatos e os pôs sem as meias.

Não deveria surpreendê-lo que ele tivesse desaparecido. Essa semana tinha tomado esse costume, saía de noite e voltava para casa a altas horas da madrugada. Parecia que esses últimos dias suas aventuras noturnas haviam se feito mais frequentes. Às vezes chegava ao seu quarto com aspecto de estar muito cansado e cheirando a fumaça de charuto e a licor. Mas nunca partiu enquanto estava na sua cama, depois de fazer amor e o ter abraçada até que os dois se rendiam ao sono.

Haviam feito amor só umas horas antes, com tanto desejo e intimidade, como se não fosse ter a oportunidade outra vez. Na realidade tinha sentido medo em algum momento. Estremeceu.

Os aposentos estavam no segundo andar. Lá olhou nas salas de estar e em seu quarto e depois desceu a escada. Não estava na biblioteca. Levantou a vela e só viu largas e fantasmais sombras nas fileiras de lombos de livros. O vento açoitava a janela. Voltou para vestíbulo, pensando onde poderia estar. Na sala de estar de manhã? Muito improvável, ele...

- No que a posso servir, milorde?

Deu um salto e gritou ao ouvir a sombria voz de Newton atrás de si. Caiu a vela e a cera quente queimou a pele.

- Perdoe, milorde, sinto muito. - disse ele, agachando-se para recolher a vela, que acendeu com a sua.

- Obrigado.

Pegou a vela e a levantou para poder vê-lo. Era evidente que Newton acabava de sair da cama. Um gorro de dormir cobria a calva cabeça e pôs uma velha jaqueta sobre a camisola de dormir, que ficava muito rodeada em sua pequena barriga redonda. Olhou-lhe os pés, levava umas elegantes sapatilhas turcas com as pontas curvas.

Amor & Tormenta {Jikook}Onde histórias criam vida. Descubra agora