Capítulo 17. Desafio repentino

573 108 80
                                    

Capítulo 17 - Desafio repentino

Jimin arrancou uma folha morta de uma rosa mundi. No ar úmido flutuavam os aromas da estufa: folhas podres, terra e um mais leve mofo. Mas o perfume da roseira que tinha diante de si os apagava todos. 

Tinha quatro rosas, todas diferentes, as nervuras brancas formadas redemoinhos no carmesim das pétalas. Rosa mundi era uma roseira velha, mas a favorita de todos os modos. A folha arrancada tinha caído sobre a mesa grafite branca, agarrou-a e a atirou a um cubo. Às vezes uma folha morta cria parasitas e, se o horticultor a esquecer, infecta as mudas sãs. Tinha o costume de ir limpando tudo à medida que trabalhava. Até o menor resíduo que se deixasse podia provocar o desastre de toda uma mesa de mudas. 

Passou para a seguinte roseira, uma Centifolia muscosa, roseira musgosa comum, de folhas verdes brilhantes e saudáveis e o perfume de suas rosas quase enjoativo. As pétalas se abrem, exuberantes, ondulantes, exibindo desavergonhadamente as sépalas verdes no centro. Se as rosas fossem classes e tivessem profissões, a rosa musgosa seria uma puta. 

Sir Kim era um resíduo. Ou talvez o último de uma série de trabalhos. Olhasse o como o olhasse, tinha que ocupar disso, pensou enquanto podava e limpava. Devia ao Minjae acabar o trabalho. E a Jungkook, para assegurar-se de que ficava a salvo do passado e dos inimigos dele. Mas sir Kim era um aleijado e não havia maneira de mudar isso.

Duvidando examinou a seguinte roseira, um York e Lancaster, que dava rosas rosadas e rosas brancas. Resistia a bater-se em duelo com um alfa com essa desvantagem. Seria um assassinato, puro e simples. O alfa mais velho não tinha a menor possibilidade e Jungkook desejava que deixasse de fazer aquilo. Provavelmente o abandonaria, seu anjo severo, se descobrisse que estava considerando a possibilidade de duelar outra vez ainda mais nessa condição. Não queria perdê-lo, não conseguia nem imaginar não despertar junto a ele nunca mais. Tremeram-lhe as mãos diante a só ideia. 

Quatro mortos, não eram suficientes? Basta, Minjae? Girou uma folha de aparência sã do York e Lancaster e a viu toda coberta de pulgões, que estavam ocupadíssimos chupando os sucos vitais da roseira. Abriu-se bruscamente a porta da estufa. 

— Senhor, não permit... 

Era a voz de Newton, ofendida e temerosa. Girou-se a olhar para ver quem perturbava sua paz. Taehyung avançou pisando em forte pelo corredor, com a face pálida e séria. 

— Senhor Kim, por favor. — disse Newton, nervoso. 

— Tudo bem. — interveio Jimin. E não conseguiu dizer mais porque Taehyung lhe enterrou o punho na mandíbula. 

Caiu para trás, cambaleante, com a visão imprecisa, e golpeou a mesa, que deteve sua queda. O quê? Os vasos de barro caíram no chão rompendo-se com um estrondo e as partes saltaram dispersando-se pelo corredor. Quando esclareceu vista, Jimin se endireitou e levantou os punhos para defender-se, mas Taehyung estava simplesmente ali, com o peito agitado. 

— Que diabos...? 

— Se bata em duelo comigo. — interrompeu Taehyung. 

Jimin hesitou, surpreso.

— O quê? 

Só nesse momento, algo tardio, começou a doer a mandíbula. Viu que a roseira musgosa estava no chão destruída, com dois dos caules principais quebrados. A bota de Taehyung esmagava uma de suas rosas, e o perfume subia da rosa morta como um louvor. Viu o Newton sair correndo da estufa. 

— Se bata em duelo comigo. — repetiu Taehyung, levantando o punho, ameaçador. Não havia humor em sua expressão, tinha os olhos secos. — Te volto a golpear? 

Amor & Tormenta {Jikook}Onde histórias criam vida. Descubra agora