Super Freak {STRANGER THINGS}

Chapter Twelve: Goodbye Yellow Brick Road

Hawkins, Indiana
29 de Junho de 1985

Joanna Hopper acordou no susto naquela manhã e virou a cabeça na direção do relógio analógico que ficava na mesa de cabeceira. O visor piscava, ainda marcando onze da noite.

— Merda! — exclamou Joanna, com os olhos castanhos arregalados e o cabelo escuro preso em um coque alto.

Com a movimentação na cama, Steve Harrington também acordou bruscamente, caindo da cama com o susto.

— Algum monstro está invadindo?! — indagou ele, elevando a voz muito mais do que o necessário.

— Pior ainda! — Joanna pegou o relógio de pulso e soltou um muxoxo. — São mais de nove horas, Steve, estamos muito ferrados!

— Puta merda! — exclamou o garoto, levantando em um salto.

— A luz acabou ontem e nós esquecemos de ajustar os relógios antes de dormir! — Joanna se olhou no espelho do guarda roupa e colocou as palmas das mãos nas bochechas, fazendo uma careta que a deixava parecendo a pintura "O Grito", de Edvard Munch.

Steve e Joanna passaram a noite vendo filmes, comendo doces e rindo das bobeiras um do outro, como costumavam fazer quando eram crianças. Nenhum dos dois sequer pensou em encontros fracassados ou namorados desaparecidos, o que era ótimo.

Quando Joanna pegou no sono, usando uma blusa do time de basquete de Hawkins High e uma calça moletom maior que ela, Steve a colocou em sua cama, se deitando confortavelmente para o outro lado, como um irmão mais velho.

— Não sei porquê deixei meu cabelo crescer, só está me dando mais trabalho! — reclamou Joanna, desistindo de desembaraçar o cabelo, que já estava na altura de seus seios, e prendendo os fios negros em um rabo de cavalo.

— É sério que você está reclamando do seu cabelo? — indagou Steve, jogando as mãos para o ar e chamando a atenção de Joanna, que virou na direção do amigo.

Joanna até tentou, mas não conseguiu conter a gargalhada genuína ao perceber o estado em que o cabelo de Steve se encontrava.

— Quer um prendedor emprestado? — Joanna colocou as costas da mão na frente do rosto, para tentar conter a crise de riso, mas quando Steve acabou por ceder as próprias risadas, os dois esqueceram o desespero inicial e o som das gargalhadas poderiam ser ouvidos até mesmo no Starcourt Mall.

— Como sempre, estamos rindo da nossa própria desgraça — Harrington parou ao lado da Hopper, de frente pro espelho, e depositou um beijo estalado em sua bochecha antes de correr para o banheiro.

Joanna sorriu, entendendo que o mais velho fazia referência ao dia em que se conheceram, há quase seis anos.

Enquanto se arrumava da melhor forma que conseguia, e apressava Steve para irem para o shopping logo, quase ajoelhando e agradecendo a Deus quando finalmente entraram em seus devidos carros, Joanna lembrou de seu primeiro dia de aula após ser adotada por Jim.

Ser novata nunca era fácil, mas quando toda a cidade sabia de partes terríveis da sua vida tudo ficava mil vezes pior. Joanna queria se esconder, fingir que não estava ali, se camuflar entre as pessoas, no entanto, a cada passo que dava, olhares curiosos ou de pena ou ambos caíam sobre ela.

Foi em uma de suas tentativas desastrosas de fuga que a garota virou bruscamente em um corredor e trombou com alguém mais alto que ela, carregando uma maquete, que foi ao chão, quase totalmente destruída. Após Joanna quase chorar e pedir desculpas incansavelmente, o garoto sorriu e disse que estava tudo bem, pois a maquete estava um horror de qualquer forma, então ela apenas tinha feito um favor.