Super Freak {STRANGER THINGS}

Chapter Ten: Hot Stuff

Hawkins, Indiana
02 de Setembro de 1979

Hawkins não era uma cidade conhecida por altas temperaturas, mas naquele dia de verão em particular o sol estava se mostrando fervoroso.

Joanna passou a maior parte da manhã brincando no parque de trailers, usando sua jardineira jeans favorita, uma regata estampada com corações cor de rosa e o all star preto de sempre.

Os pais de Joanna haviam saído cedo para trabalhar, e embora fosse muito nova para entender, a garota se questionava porque todos estavam aproveitando o verão menos a sua família — ainda mais em pleno domingo. Ao falar isso em voz alta, seu pai abriu um sorriso genuíno, passou a mão no cabelo castanho e respondeu que Joanna não devia se preocupar com isso. Sua mãe, como de costume, observou os dois com os olhos brilhando e um sorriso doce.

O pai beijou a testa da filha e a mãe a abraçou forte, então a deixaram com a vizinha, uma garota de vinte e poucos anos que já havia virado a babá oficial de Joanna — e que lhe dava sorvete sempre que ela pedia.

Joanna acenou para os pais enquanto eles se afastaram e os dois fizeram o mesmo, com os olhos azuis do mesmo tom iluminados pelo sol. Esse era outro questionamento que Joanna sempre fazia: por que não tinha olhos azuis como seus pais?

A babá deixou Joanna brincar nos arredores enquanto preparava o almoço, algo que seus pais nunca permitiam, mas a babá mantinha em segredo. Não demorou muito para que Eddie Munson se aproximasse da garota, com seu jeans rasgado e sua camisa do Led Zeppelin.

— A Lola deixa você ir na floresta? — indagou Eddie, cutucando o ombro de Joanna, que se virou de supetão. — Calma aí, não quis te assustar — disse ele, rindo e levantando as mãos em rendição.

Joanna riu baixinho e tirou a franja da frente dos olhos.

— Ela deixa sim — respondeu, enfiando as mãos nos bolsos da frente da jardineira —, mas não posso ir muito longe.

— Vem comigo — Eddie a puxou pela mão até a beira da floresta, parando ao chegar em uma árvore.

— O que você vai fazer? — Joanna o encarou, sem entender o que estava acontecendo, então observou Eddie pegar uma pedra no chão.

— Meu tio me ensinou uma coisa e eu quero te ensinar, porque você passou a manhã toda sozinha parecendo que precisava de um amigo — explicou Eddie, dando de ombros, atropelando as próprias palavras.

— Você é doido — Joanna ergueu as sobrancelhas e soltou uma risada nasalada.

— Já me disseram isso algumas vezes — Eddie sorriu, tirando os fios de cabelo escuro do rosto. Joanna não conseguiu conter o próprio sorriso. — Olha, esquisita — disse ele, cutucando o braço de Joanna.

— Ei! — Joanna deu um tapinha no braço de Eddie, mas riu e ficou observando enquanto ele escrevia suas iniciais na árvore com a pedra. Joanna achou aquilo fascinante, por mais simples que fosse.

— Legal, né? Tenta você — Eddie sentiu seu sorriso alargar ao ver a expressão fofa no rosto de Joanna.

A morena pegou a pedrinha e escreveu "J. W." logo abaixo do "E. M." que o garoto havia escrito.

— Pronto, agora estamos gravados aqui para sempre — Eddie abriu os braços, como se mostrasse a maior descoberta do mundo.

— Para sempre — repetiu Joanna, passando o dedo sobre as iniciais entalhadas na árvore.