Chapter Sixteen: Dream On

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Hawkins, Indiana
01 de Julho de 1985

Joanna caminhou como se não tivesse rumo, embora soubesse que isso não era verdade. Desde a pseudo discussão com Clarisse, a filha mais velha de Jim Hopper se afastou o máximo que conseguiu da cabana, cortando caminho pela floresta até chegar ao seu destino final.

A casa era ao mesmo tempo familiar e desconhecida, aconchegante e intimidadora, como se Joanna conhecesse um pouco das pessoas que ali moravam, mas não o suficiente. Não ironicamente, era o mesmo que sentia a respeito de si mesma: que conhecia o lugar denso que era sua mente, mas não o bastante.

Joanna pigarreou ao subir os pequenos degraus que levavam à porta da frente, respirou fundo e tocou a campainha, momentaneamente se arrependendo de estar ali. Ou pelo menos, de estar ali sozinha. Pensou em sair correndo e fingir que nada daquilo havia acontecido, mas quando deu o primeiro passo para trás a porta se abriu.

— Srta. Hopper? — O Dr. Phillip Cunningham franziu o cenho e enfiou as mãos nos bolsos da calça de linho, intrigado pela visita inesperada.

— Me desculpe por incomodá-lo tão cedo, Dr. Cunningham — Joanna torceu os dedos levemente em um claro sinal de nervosismo. Phillip conhecia muito bem aquele gesto, visto ser psiquiatra da menina há tantos anos.

— Por favor — Phillip deu espaço para que Joanna entrasse em sua casa e sorriu cordialmente sem mostrar os dentes.

Joanna assentiu em agradecimento e entrou, ouvindo a porta ser fechada atrás de si. Olhou ao redor, sentindo uma energia desconfortável ao olhar para Chrissy, que acenou para ela com um sorriso gentil estampado nos lábios. Joanna forçou seus músculos faciais a formarem um pequeno sorriso e meneou a cabeça em cumprimento, quase correndo para seguir Phillip até seu escritório.

— Em que posso ajudá-la? — indagou Phillip, apontando a poltrona em frente à sua mesa assim que se viu à sós com sua paciente.

Joanna, sentou, colocou os pés para cima da poltrona e se aconchegou ao abraçar os joelhos. Phillip a observou, um pouco tenso ao notar a semelhança com sua antiga paciente, não havia como esquecer de quando Valerie estava exatamente naquela posição, apenas seis anos antes.

— Eu sinto que posso enlouquecer a qualquer momento — confessou Joanna e encolheu os ombros, visivelmente cansada.

— Existe algum motivo específico para você se sentir assim? — Phillip ajeitou os óculos e cruzou os dedos sobre a mesa.

Joanna pensou no que poderia dizer, mas todas as respostas que tinha levariam o Dr. Cunningham a colocá-la em uma camisa de força.

— Posso fazer uma pergunta? — Joanna o fitou, sentindo seu coração acelerar. Phillip meneou a cabeça positivamente, dando-lhe liberdade para falar o que quisesse. — O que o senhor sabe sobre Valerie Campbell?

Phillip ficou sem palavras por alguns segundos, ponderando como aquele assunto estava vindo à tona e, principalmente, como Joanna conhecia Valerie.

— Como você...

— Eu cavei tão a fundo para descobrir sobre o meu passado que acabei trombando com algumas vagas informações sobre ela — Joanna calculou friamente suas palavras, deixando de fora o fato de que havia descoberto sobre Valerie quando fuxicou as fichas dos pacientes de Phillip.

— Infelizmente, não posso dar muitas informações, faz parte da ética entre médico e paciente...— Phillip tentou desconversar, mas interrompeu a si mesmo ao ver Joanna balançando a cabeça negativamente, não aceitando suas desculpas.

— Sei que você pensa o mesmo que eu, doutor — Joanna engoliu em seco e fixou os olhos nos do psiquiatra, que suspirou e desviou o olhar. — Por que ela é tão parecida comigo?

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