Brócolis Fugitivo

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Mesmo com o dia ensolarado, a noite era sempre mais fria.

— Devia ter pelo menos ter colocado uma blusa. — falo pra mim mesma enquanto esfrego meus braços desnudos esperando o sinal fechar para eu poder atravessar a rua.

Eu já segurava o saquinho de compras com um brócolis gigante dentro dele. Era inacreditável as coisas que se pode achar numa cidade grande mesmo depois das 22 horas.

Atravesso a rua quando vi dois caras andando, provavelmente bêbados a julgar pelas latinhas em suas mãos, em minha direção. Não tinha como me desviar deles, já que estávamos no meio da faixa de pedestres, então olho pro outro lado e apresso meus passos ignorando-os.

— Que gracinha. — o som da voz de um dos dois me fez sentir arrepios de nojo em minha espinha.

— Neném. — o outro completa batendo na minha bunda de maneira completamente sexual e escrota.

Paro assustada ainda sem terminar de atravessar a rua e me viro para trás atônita. Aquele cara tinha mesmo me dado um tapa na bunda assim? No meio da rua?

— Vai tomar no cu! — grito sem pensar o quanto o meu suposto xingamento era ridículo. Mas eu podia sentir a raiva inflar minhas bochechas. Aquilo era errado de tantas maneiras que eu queria segurar a cabeça daquele que tinha me molestado contra o chão, enquanto o carro passava em cima dela em alta velocidade.

Me viro bufando, finalmente acabando de atravessar a faixa, porém aquilo ainda não havia acabado. — O que você disse, vadia? — um dos caras grita de volta.

É. Eles sabiam xingar melhor do que eu também.

Olho para trás vendo-os andando rapidamente em minha direção.

Droga!

Disparo a correr a fim de voltar para o apartamento o mais rápido possível.

Enfio minha mão no bolso da calça jeans tentando achar as chaves antes mesmo de alcançar o portão, de forma a adiantar todo o processo de enfiá-las na tranca da porta, mas meu desespero não estava me ajudando muito!

Tateio-as e as puxo para fora do bolso apertado, com certa brutalidade. — Maldita skinning! — praguejo enquanto corro. Minha respiração ofegante não me ajudando a ficar calma e meus pulmões parecem congelar por causa do ar frio que circulava para dentro do meu corpo. Minhas pernas ainda queimam por causa do árduo esforço, mas o nojo que eu sentia por caras daquele tipo me faz continuar correndo.

Chego a portaria do apartamento e adivinhem, o abençoado do porteiro não estava lá!

— Chaveiro idiota. — olho pra trás e vejo as duas silhuetas ainda me seguindo. — Por que essa Porca tem que ter tantas chaves assim?

Na pressa de achar a maldita chave que encaixasse no maldito portão, acabo deixando o molho cair dentro do pátio do prédio e eu não consego alcançá-lo mais. Meu braço, mesmo fino, passava pelas grades de ferro, mas mesmo assim, tenho uma dificuldade tremenda de alcançar o chaveiro.

— Porra! — minha falta de sorte era inacreditável.

Quero chorar, mas chorar muito. Lá estava eu prestes a ser estuprada e esquartejada por dois imbecis machistas e bêbados. Tudo culpa do brócolis idiota!

Pelos Deuses, Quem gosta de brócolis na pizza?!

Meus olhos começaram a queimar com lágrimas. Meu corpo ofega e se força mais e mais contra as grades do portão, ainda tentando alcançar inutilmente o molho de chaves do outro lado.

Foi quando eu ou um barulho do tipo estalo, típico de quando alguém destrava o portão pela parte de dentro.

— Ai! — sinto meu corpo ir de encontro ao chão. — Mas como? — olho para a silhueta à minha frente e vejo que alguém realmente havia apertado o botão na portaria.

Lorde SasukeOnde histórias criam vida. Descubra agora