Fazendo as pazes e brigando novamente

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Infelizmente não consegui dormir direito. Meu cérebro me fez o favor de me bombardear com uma centena de situações, no mínimo, desconfortáveis. Então minha noite se resumiu num emaranhado de pesadelos e ansiedade.

A angústia era tanta que eu nem consegui aproveitar a presença de Sasuke ao meu lado na cama.

Eu até tentei me aconchegar nele umas duas vezes, mas em ambas tentativas, eu acordei assustada com medo de que Ino ou alguém abrisse a porta de novo.

Em algum dos meus delírios, jurei ter sentido Sasuke tentando me fazer cafuné. Talvez minha agitação estivesse o incomodando de alguma forma. Então me vejo quieta, adequadamente afastada do seu corpo, a coberta tampando metade do meu corpo enquanto eu encaro a porta do quarto fixamente.

— O que está fazendo?

Ignoro sua voz, sua pergunta direta, e continuo parada.

Tento respirar mais devagar, mas sinto que cada lufada de ar faz mais barulho que uma discoteca lotada.

— Sakura... Eu sei que você está acordada.

Eu sabia que ele sabia, mas eu não me importava. Eu não o respondia porque eu não poderia dar explicações sobre o que eu estava fazendo ali exatamente.

Era como se eu estivesse tentando juntar todas as peças do quebra-cabeça de uma vez, sem antes separar por cor ou montar as beiradas primeiro. Eu só queria que tudo se encaixasse como num passe de mágica, e isso fazia minha cabeça doer.

— No que está pensando? — a pergunta se torna mais interessante, e eu fico tentada a virar para trás e encarar seu rosto, mas não o faço.

— Em como eu vim parar aqui.

— Hum... Você se arrepende de se deitar comigo?

— Não. Não digo "aqui" literalmente, na cama com você. Digo aqui, na casa da Ino.

— Vocês duas são amigas, não? Amigos fazem isso, moram juntos, dividem as coisas. Eu e Naruto fizemos isso... Sua linha de raciocínio é a mesma de um punhado de jovens que não têm grana para se bancar sozinhos na época da graduação e precisam estudar longe da casa dos pais.

— Sim, você está certo, mas na época do colégio eu era amiga da Hinata especificamente.

— Você não era amiga da Ino?

— Era. Quer dizer, eu não sei... O que me incomoda é eu não me lembrar quando exatamente ficamos tão amigas, a ponto de que morar juntas me parecesse uma boa ideia. — Sasuke mexe na cama, posso sentir suas mãos e pernas procurando uma nova posição mais confortável. Ele arruma a coberta e de maneira delicada, me oferece um pouco mais de pano me ajudando a me cobrir por completo.

— Se você acha que tem alguma coisa errada, talvez tenha.

— Por que você diz isso?

— Não quero que você leve em consideração casos extremos, tipo, namorada que faz conta fake para dar em cima do próprio companheiro... Mas geralmente, quando a gente sente que tem algo errado, é porque tem.

Não o respondo.

O que Sasuke me fala me incomoda tanto que tenho uma súbita vontade de correr até o quarto de Ino e perguntar por que ela havia me oferecido a vaga no apartamento dela. Por que ela insistia em me fazer brincar com os sentimentos do Sasuke e por que eu?

Porém, infelizmente ou felizmente, Sasuke se aninha mais em mim e sua respiração pesada em meu pescoço me distrai completamente da minha linha de raciocínio.

Lorde SasukeOnde histórias criam vida. Descubra agora