Trato Feito

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Eu não costumava não gostar das pessoas de graça. Na verdade, não havia ninguém especificamente que eu não gostasse, que eu não tratasse, pelo menos, com o mínimo de educação. Mas eu estava quase abrindo uma exceção pra Karin. Quase.

Eu tentei. Juro! Eu tentei não julgar, tentei não querer enfiar a cara dela dentro da máquina de lavar enquanto ela estava ligada e lavando pregos, mas eu confesso que nos últimos dias eu fiquei com essa vontade.

Claro que teve um pré-conceito na formação da minha opinião, já que as meninas me deram sua ficha antes de eu conhecê-la. Porém, depois de um mês convivendo esporadicamente com ela, eu já estou pensando se vale a pena gastar meu réu primário.

Não devia ser crime matar pessoas muito chatas.

— Você está se escondendo?

— Aí, Gaara, que susto! — sorrateiramente, Garra tinha me encontrado sentada debaixo da mesma árvore do dia que Ino resolveu mandar um sutiã na sacola. De uma maneira irônica, e até divertida, aquele lugar tinha se tornado um ponto de encontro nosso.

A gente não costumava conversar horrores, mas ficávamos ali sentados esperando dar o tempo ou de ir pra próxima aula, ou de ir embora de carona com Naruto.

— Quer um gole? — Gaara me oferece seu milk shake como sempre fazia.

E como quase sempre, eu recusava: — Não, obrigada. Você está viciado nisso?

— Eu gosto. — ele dá de ombros já se sentando ao meu lado. — Então, está fugindo de quem?

— Preciso dizer mesmo?

— Karin?

Concordo com a cabeça suspirando fundo. — Bom, eu apenas prefiro voltar andando do que no mesmo carro que ela.

— Eu prefiro voltar andando, pelado carregando uma melancia do que voltar no mesmo carro que ela. — ele fala baixinho, mas com um sorriso no rosto.

Gaara e eu caímos na gargalhada depois da sua conclusão. Ele tinha definitivamente exagerado.

A gente tinha desenvolvido aquela amizade estranha. A gente se entendia pelo olhar e pelas ironias do dia a dia. Era divertido conversar com Gaara, e ele não invadia meu espaço como o resto da galera costumava fazer - até mesmo sem querer -. Então, eu gostava de conversar com ele, e sentar debaixo daquela árvore tinha se tornado uma coisa nossa. Claro que não acontecia todos os dias e que muitas vezes eu ficava ali sozinha, mas não era tão incomum assim a gente se encontrar ali.

— Sakura, Ruivinho. — merda, a capeta com cabelo de fogo tinha nos achado e acenava em nossa direção.

— Oi, Karin. — falamos em uníssono quando ela chegou mais perto.

— Que desânimo, pessoal! — o motivo dos meus pesadelos falou colocando a mão na cintura tentando parecer simpática. O que era irônico, porque eu até estava feliz antes dela chegar. Meu desânimo era consequência do fato dela ter achado a gente ali. — Eu vi vocês aqui então resolvi perguntar se vocês vão voltar hoje conosco. Pelas minhas contas, para todo mundo voltar junto, alguém vai ter que pegar carona na moto de Sasuke, e bem, eu voto em mim mesma para isso.

Ela até podia pensar que eu tinha ficado chateada por ela estar indo para casa na mesma moto que o Sasuke, mas na verdade, dentro da minha cabeça, só havia um pensamento: Carona livre da presença de Karin!

Nos últimos dias inclusive, ela tinha se infiltrado tanto no nosso grupo de amigos que eu simplesmente não conseguia me lembrar de como exatamente ela tinha conseguido tamanha façanha, mas minhas pernas faziam questão de me lembrar - mais dias do que eu gostaria - que eu estava começando a me acostumar a voltar para casa a pé.

Lorde SasukeOnde histórias criam vida. Descubra agora