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Os olhos não se desviaram dos meus por nenhum momento, enquanto eu tentava recuperar o ar, tentando não ter um colapso ali.

— Ethan Whyne — meu pai bateu três vezes contra seu ombro, fazendo os olhos do mesmo saírem de mim por um momento — meu mais novo sócio e que terá o prazer de ficar hospedado na mansão Nuevo por duas semanas.

Não.

Aquilo não poderia estar acontecendo.

Comecei a morder meus lábios de forma nervosa, quando minha bexiga começou a coçar e meus olhos estavam queimando pelas lágrimas.

Ethan estava de volta.

Ethan estava ali, a poucos metros.

Ethan iria me machucar de novo, mas dessa vez com a possível permissão dos meus pais.

Mordi meu lábio inferior com mais força, me fazendo abaixar a cabeça pela dor, me soltando do aperto da minha mãe, correndo dali.

Ethan estava de volta.

Como ele poderia estar de volta, quando eu havia lhe matado?

Eu vi sangue saindo dele, vi seu corpo grande, que era dois do meu desfalecer no chão, quando corri daquela casa chorando.

Por que ele estava de volta? Como ele estava de volta?

Entrei no toalete, fechando a porta do mesmo, enquanto me olhava no espelho.

Eu estava bem.

Estava tudo certo.

Eu precisava ser Catarina Nuevo, quem exalava paz e delicadeza.

Não havia paz em mim naquele momento, muito menos quando eu estava a metros do homem que destruiu minha vida e conseguiu matar quem eu mais amava.

Não havia paz, apenas caos.

Meu rosto começou a ficar vermelho, quando tirei aquelas luvas vermelhas, percebendo então que o vestido era pouco apertado.

Ethan não iria gostar de me ver com um vestido tão apertado, mesmo que não esteja tanto assim.

Ethan não iria gostar de me ver usando vermelho, porque é uma cor forte demais para uma menina como eu.

Por que eu estava com os cabelos presos? Eu preciso exalar pureza e paz, essa mulher que está no reflexo do espelho não é Catarina, não é Mag.

de novo não — sussurrei, colocando a mão no peito — de novo não, eu não sou tão forte assim.

Mag, Mag... Você ainda não entendeu, querida? Se eu quero, eu consigo — ele chegou perto de mim, os lábios estavam perto demais do meu ouvido, me fazendo escutar sua respiração — e se eu quero algo de você, irei conseguir. Não importa os meios que irão ser usados.

— por tudo — sussurrei a mim mesma — por tudo que eu consegui passar, por todos meus erros e acertos, pelo meu bem...

Não consegui completar.

Não consegui me afastar mais quando a porta foi aberta, mostrando uma cabeleira ruiva de costas, enquanto tirava uma chave do paletó, trancando a mesma.

Não consegui fazer nada, porque eu estava presa nos olhos que transmitia o sorriso de quem havia ganhado.

Passado vol.1 - El finOnde histórias criam vida. Descubra agora