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Procurar um corredor mais vazio.

Checar de forma discreta e rápida para não ver o que não devo.

Não fazer contato visual.

Andei de cabeça baixa enquanto dizia a mim mesma que iria dar certo, que eu iria poder ter meu minuto de paz naquele banheiro e que quando voltasse encontraria Ethan quase bêbado, querendo ir para casa.

O pensamento fez meu estômago embrulhar, mas não o suficiente para me convencer a ficar ali.

O que havia acontecido depois que Ethan me deixou na quadra de tênis ainda era um branco para mim e eu estava decidida a descobrir o que havia acontecido, custe o que custasse.

Andando em passos rápidos, olhando para o chão, não tive tempo de parar de andar quando os sapatos sociais pretos apareceram em meu campo de visão.

Meu corpo colidiu com o corpo do homem - pelos sapatos, eu sabia que era um - que como a maioria dos outros, parecia ter quase o dobro do meu tamanho.

Por alguns milésimos de segundos, fiquei parada contra ele, sem reação.

Quando os olhos de Ethan me vieram a mente, eu rapidamente saí de perto de si, em passos incertos.

- você está bem? - a voz grossa mais baixa soou, me fazendo recuar mais.

Se Ethan me ver nessa situação, vai me bater até o dia raiar.

O pensamento me fez estremecer, e me adiantar o quanto antes em responder para que ele saísse o quanto antes da minha frente e eu pudesse voltar, já que meu tempo muito provavelmente já havia acabado.

- estou - olhei para os lados tentando imaginar quanto tempo havia se passado.

Dois... três, talvez?

- pode me dar licença? - pedi, começando a ficar agoniada.

Vi algum movimento da parte do homem, mas não ousei fazer contato visual, sentindo meu corpo literalmente doer dos pés a cabeça quando a voz de Ethan soou em inglês.

Não dinamarquês, mas sim inglês.

Inglês, a língua que usei para falar com aquele homem e que ele também usou.

- Maggie, o que falei a você?

- eu não sabia - o homem que estava indo na mesma direção que eu havia passado a no máximo dois minutos se virou em nossa direção, me fazendo ficar em dúvida, quanto a chegada de Ethan.

Ele havia dado a volta?

- você sabe quais são as consequências, não sabe? — Dinamarquês, agora.

Puta que pariu - pensei, implorando para mim mesma agir e me defender, quando o homem não havia se manifestado.

Como se tivesse escutado meus pensamentos, o homem falou.

- esbarrei nela sem querer. Não se preocupe, não vai ter necessidade de me casar com sua filha - o homem retrucou com humor. A fala me deixou triste, cabisbaixa.

Eu parecia ser filha de Ethan.

Eu tenho idade para ser filha dele.

- ela não é minha filha - meu corpo foi puxado de forma firme para perto do meu marido, me fazendo estremecer quando ele pegou minhas mãos, mostrando o anel de diamantes - é minha esposa.

- ah - o homem se virou - aproveite a estadia.

Naquele momento, eu quis atirar contra minha cabeça, porque quando ele disse aquilo, uma frase conhecida me veio a mente.

Briga de marido e mulher, ninguém mete a colher.

Passado vol.1 - El finOnde histórias criam vida. Descubra agora