²³

12 2 0
                                    


Ethan havia me oferecido o braço três vezes, e nas três eu havia recusado.

Eu não sabia se minha intimidade estava doendo por conta da força que ele estava usando ao me penetrar, pelo tempo que eu não tinha relações ou simplemente porque não estava receptiva.

Inspirei quando achei sentir o vestígio do cheiro de framboesa, olhando para a porta de marrom com confusão logo em seguida, antes dela ser aberta por algum funcionário.

— pedi para comprarem — o hálito quente de Ethan estava na minha nuca, me fazendo estremecer — mas não se preocupe, quem irá fazer vai ser eu.

Continuei parada, olhando para aquela sala branca, em tons pastéis.

O cheiro de framboesa ainda estava presente ali, me fazendo voltar a quase uma década atrás, quando me sentei naquela sofá, sentindo o corpo de Ethan encima de mim.

Eu estava sorrindo, eu sabia.

Estava dando risada, enquanto tinha aquele corpo grande demais para o meu, que também sorria para mim, distribuindo vários beijos pela minha bochecha.

Voltei ao presente encarando tudo ao redor, sentindo meu corpo ficar pesado.

— Mag, entre — a voz tranquila novamente soou em meus ouvidos, me fazendo dar um passo incerto para dentro da casa — você pode ficar na cozinha comigo, enquanto faço a torta.

Balancei a cabeça em negativa, começando a me sentir fraca.

Eu precisava chorar.

Precisava colocar tudo para fora, e entender o que estava acontecendo, mesmo que já tivesse tido tempo para tal e achasse que já tivesse entendido.

Eu precisava chorar, mesmo que não não quisesse ver a cara triste e confusa de Ethan em minha frente.

— eu quero tomar banho e deitar — sussurrei, sentindo o gosto amargo da boca — você... Você pode me levar para o quarto?

— claro que sim, querida — escutei o som de algo pesado caindo no chão, mas não me importei em ver o que era, muito menos quando ele estava na minha frente — vamos para nosso quarto, e aí você vai poder...

— eu não quero ir para lá, Ethan — minha voz estava ficando cada vez mais baixa enquanto meus olhos se fechavam também, em uma tentativa de não demostrar fraqueza.

Os olhos pretos pouco castanhos claros se estreitaram, mas antes de recusar meu pedido, me esforcei para segurar sua mão.

— por favor — sussurrei — só por hoje.

Ele confirmou, mesmo contra gosto, e me puxou para abraçar sua cintura quando subimos os degraus da grande escada.

— eu tirei o elevador porque você não estava mais aqui — murmurou — não tirei, mas ele não está funcionando a algum tempo. Mas agora que você está aqui, irei colocar de novo, tudo bem?

Confirmei, mesmo que a cada segundo estivesse me sentindo mais fraca, e a vontade de desistir fosse mais persistente. 

Passado vol.1 - El finOnde histórias criam vida. Descubra agora