Erick.
—
você já pode assumir aqui, Erick — Robert disse depois tirar o pênis de borracha que estava junto a sua virilha e de consertar a calça, Mike o acompanhou.
Eu estava na porta.
Havia ficado ali no início e saído, voltando quando julgava que estava acabando.
Duas horas.
Aquela sessão de tortura havia durado duas horas.
O suco com calmante e remédio para dor estava na minha mão quando a ouvi dizer que estava doendo.
O suco estava com pequenas bolhas, devido a forma que mexi com força para dissolver o remédio, mas estava ali, me lembrando do meu fracasso por não fazê-la beber.
— ela está livre, Erick — Robert continuou, tocando em meu ombro — sua filha está livre.Confirmei, não confiando em mim para dizer qualquer coisa.
— boa sorte aí.
Não respondi Mike, e esperei um certo tempo depois que eles saíram para entrar, fechando a porta.
Meu coração começou a bater acelerado quando vi os cachos desfiados no meu campo de visão. A cortina tampava o que estava por trás, mas eu sabia o que iria encontrar.
A onda de arrependimento me veio, quando vi a mesma garota que havia quase sorrido para mim a quase três horas atrás espalhada no chão, em volto a sangue.
Muito sangue.
Seu rosto branco estava com uma coloração cinzenta, seus lábios partidos manchados de sangue junto a seu nariz. Um roxo estava no seu olho esquerdo e bochechas. E me apressei da maneira que pude para conferir seus batimentos cardíacos.
Para minha tristeza, estavam fracos, mas presentes.
Tirei minha mão com cuidado do pescoço da garota, tentando ver como começaria.
O seio pequeno estava com uma grande marca de mordida roxa, seu pescoço tinha marcas de dedos e poucos fios de cabelo estavam no chão.
Que ela tenha perdido a consciência antes disso tudo — pensei, pegando o pequeno braço com cuidado, a levantando.
O sangramento na sua região genital — onde eu evitara olhar — me fez parar.
Estava sangrando muito, recorrentemente.
Tentei a levantar novamente, não me importando com minha roupa que estava sendo suja, enquanto tentava não pensar em minha filha, que tinha sua idade e que agora estava salva.
É só uma criança — pensei, vendo o quão leve e pequeno o corpo era — é apenas uma criança que está pagando pelos erros de outros.
A coloquei na maca, colocando a mão na cabeça ao tentar pensar como começar, mesmo que eu estivesse querendo o fazer.
A verdade, era que eu não sabia por onde começar.
Ela estava destruída, eu sabia.
Fisicamente, ela estava destruída.
— Maggie — peguei sua mão, quando tirei vários lenços que tinha na bolsa térmica e tentado estancar o sangue — Maggie...
Seu dedo se mexeu minimamente, mas nada além disso.
Tirei a camisa social branca que estava usando, pondo no corpo que praticamente fora engolido pela mesma.
Não confiando em deixá-la sozinha, rodei a sala procurando por mais pano, para tentar estancar o sangramento.
— me desculpe, menina — me vi chorando em meio ao corpo desfalecido que sangrava de forma recorrente — me desculpe por isso, eu nunca irei me perdoar.
E era verdade.
Eu nunca iria me perdoar por permitir que aquilo acontecesse.
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Passado vol.1 - El fin
Ficción GeneralPassado: 1. Que passou; decorrido, pretérito. "Acontecimentos p". 2. Imediatamente anterior. "Semana p". 3. O que te corrói por dentro, e te puxa quando você já está quase curado ou acha que sim. _______ Eu não sabia que poderia voltar. Achava q...