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— por que você está assustada, Maggie? — o loiro perguntou, alisando meus ombros com os polegares — por acaso te dei motivos para ter medo?

Neguei com a cabeça, me afastando de si lentamente.

Olhei para frente, vendo Robert olhar tudo ainda com as mãos no bolso da calça.

Um sorriso banhou seus lábios e eu abri os lábios demostrando surpresa, quando vi o mesmo brilho que via em Ethan.

A mesma cor dos olhos, o mesmo brilho refletindo sobre o olhar azul.

O brilho nos olhos de quem havia ganhado.

— vamos ter uma conversa franca agora, Maggie — falou, quando todos estavam em silêncio — sente.

Neguei com a cabeça, me afastando mais do loiro, tentando olhar para os dois ao mesmo tempo.

— pois bem — o loiro disse, colocando a cadeira que eu antes estava sentada de frente para mim.

Logo, Robert se juntou a ele, para me encararem por mais tempo.

— vamos lá — Robert estralou a língua — você conhece Ethan a seis anos. Mas ele te conhece a vinte e dois anos. Mas eu não irei falar nisso, e sim da sua filha.

Um estralo se acendeu em minha cabeça, e de forma lenta, as memórias vieram com força, me fazendo colocar a mão na cabeça por conta de uma forte pontada.

— se você não quiser que a garota do orfanato morra a qual é sua filha e você obviamente sabe disso, convença seu esposo a matar Arnel — disse de forma pausada, jogando um pano em meu rosto, bloqueando minha visão.

Choro.

A mulher ruiva.

Confusão.

Mais choro.

A mulher ruiva.

Comecei a coçar o pulso de forma insistente, quando as memórias voltavam com confusão, me sentindo cada vez mais fraca. Agora meu pulso sangrava e a maquiagem feita havia sumido.

— você sabe que tem uma filha, não é? — prosseguiu, visto minha expressão de confusão.

— sei — menti.

— você não perdeu aquele bebê no parto, Maggie — o loiro conduziu — ela está em um orfanato na Dinamarca. Estava, na verdade — uma pausa, um gesto silencioso e Robert continuou.

— na verdade ela está no orfanato mais próximo daqui. Porque Ethan não deixaria ela na Dinamarca sozinha, mesmo que ele não dê a mínima para ela — continuou — mas a empregada sim. Foi ela que veio em um avião comercial e está cuidando dela.

Fiquei calada, os observando.

— por que estamos te dizendo isso? Porque eu quero que você saiba que Ethan não dar a mínima para você ou para a criança que vocês tem juntos.

Continuei calada.

Aquilo não era uma surpresa para mim.

— porque ele trouxe a criança para dar para um cafetão que se chama Arnel. E ele — Arnel — tem uma escola de um ensino no mínimo, questionador — Robert parecia empolgado em me dizer aquilo, mas eu não estava sentindo nada.

Por mais que eu quisesse e tentasse me forçar a sentir ou dizer algo, não conseguia.

— O que nós queremos com isso? Você deve estar se perguntando. Nós estamos...

— já chega — Robert falou, interrompendo o loiro — eu já sei o que quero de Ethan.

Os olhos dele avaliaram meu corpo de cima a baixo e eu me peguei tentando reagir de alguma maneira.

Seja com um coração acelerado ou um frio na espinha. Seja medo, raiva, dor ou vontade de chorar.

Mas não havia nada.

Passado vol.1 - El finOnde histórias criam vida. Descubra agora