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As seis e meia, eu estava vestindo um vestido longo vermelho vinho. As luvas que cobriam meu braço inteiro da mesma cor, me fazia sentir-me segura, menos exposta do que já estava.

— pronta? — minha mãe apertou minha mão com firmeza quando confirmei, passando pelo espelho que havia na sala principal vendo meu cabelo preso.

O salão estava cheio, estava com um som de fundo monótono, mordomos e mais mordomos estavam passando de um lado para o outro, com casacos e coisas pessoais para seus patrões, me fazendo ficar tonta.

Garçons também estavam lá, com suas bandejas de metal, tendo encima das mesmas taças de champanhe francês, cerveja da Bélgica, outras batidas e bebidas quentes.

Me conti para não pegar uma taça e começar a beber, quando meus pais se distanciaram de mim para falar com outros.

Tentei não me encostar em um canto na sombra, e tentar controlar as batidas do meu coração insistentes.

O suor frio que estava sentindo, estava começando a estar cada vez mais presente debaixo das minhas luvas, me fazendo tirá-las, agradecendo ao ar-condicionado que havia ali por esfriar as mesmas.

Uma menina pequena de cabelos claros passou correndo a poucos metros. Estava vestindo um vestido rodado, me fazendo olhar ao redor, procurando sua mãe, ou babá.

Os homens não ficavam com suas filhas pequenas, muito menos tentava esconder que não.

Mas esse não foi o caso do homem grande que de costas parecia um ruivo robusto, que parecia procurar a garota pequena.

Em nenhum momento, o homem se virou em minha direção, o que me fez ficar confusa, mas dissapando os pensamentos no mesmo momento.

Eu não poderia ficar com aqueles pensamentos em lugares como aqueles.

Não poderia ficar pensando que era o centro do mundo, ou que era gostosa e atraente demais para um homem olhar para mim.

Eu não poderia, e muito menos queria aquilo.

martelo ou...? — a pergunta foi feita com graça, enquanto eu chorava de forma compulsiva, tentando acalmar minha respiração — não chore Mag, deixe de drama por favor...

Continuei chorando, tentando conter os soluços com a mão, que por sua vez me fez engasgar.

— Maggie, pare de chorar agora — a expressão antes serena agora estava dura, me fazendo chorar mais — Mag caralho!

Pisquei os olhos, quando o homem nem a garotinha estavam mais ali, e vi minha mãe me chamando com ansiedade, quando meu pai estava subindo para um lugar com mais destaque, fazendo com que todos pudessem ouvi-lo.

Cheguei perto de minha mãe, colocando as luvas novamente enquanto sorria de forma calma para todos, tentando mostrar a bailarina que por anos fui.

Maggie Catarina Nuevo tinha que demostrar paz e delicadeza, mesmo quando estivesse em um caos total dentro de si.

Isso foi imposto a mim a seis anos atrás, quando voltei da pior fase da minha vida.

Passado vol.1 - El finOnde histórias criam vida. Descubra agora