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— você quer conversar?

A pergunta de Ethan me fez virar de forma brusca para si.

Me fez querer sorrir de forma sarcástica novamente por aquela pergunta idiota e tosca, que estava me fazendo querer me atirar pela janela.

O que ele queria que eu dissesse?

"Eu estou bem Ethan. Eu fui estuprada por dois homens, também fui agredida e por um acaso descobri que tenho uma filha viva. E também estou com sérias dúvidas sobre minha saúde sexual, mas também estou com medo de você me castigar por ter feito alguma coisa errada quando estava sendo sequestrada."

Balancei minha perna com força, o que de alguma maneira me causou dor.

— você sabe que eu te amo, não é? — a pergunta me fez querer chorar.

Chorar; mas eu não sabia o porquê daquilo ter me desestabilizado tanto.

Talvez porque ele estava me manipulando? Ou por que ele estava falando uma coisa para tentar amenizar outras? Talvez por que eu acreditasse naquilo? Talvez por que eu realmente estivesse precisando de  um mínimo de afeto?

— eu te amo muito, Maggie. Mais do que você pode imaginar ou que... — meus olhos estavam no na parede do meu lado. Ethan estava na minha frente e me virei lentamente para o ruivo, quando escutei um soluço.

Ethan realmente estava chorando?

Eu já havia visto Ethan chorar antes?

— me perdoe, Maggie — a mão grande foi posta na minha, meu peito se encolheu quando ele o fez, fazendo com que eu tentasse tirar.

— não — falei, balançando a cabeça negativamente — você não vai fazer isso comigo.

A cabeça do ruivo que estava baixa, derramando duras lágrimas levantou, mostrando confusão em minha direção.

— o que...? — os olhos que tinham uma coloração negra porém azulada me encararam com dúvida e dor, quando os olhos haviam ganhado uma coloração azul escuro intensa, por conta das lágrimas.

— isso é manipulação, Ethan — falei, tentando me afastar — você só está chorando e falando que me ama porque sabe que eu posso contar para meus pais e anular esse casamento. Você sabe que...

Ele riu.

Ethan havia acabado de rir, enquanto chorava.

Uma risada dura que não havia conseguido disfarçar a onda de dor que estava sobrevoando o homem que parecia ter envelhecido demais, nesses seja lá quantos dias que se passaram.

— seus pais? — ele limpou as lágrimas com força do seu rosto — seus pais não estão dando a mínima para você, Catarina.

— isso não é verdade — falei de forma dura, depois de engolir saliva, por conta da boca seca — você está mentindo.

— é mesmo? — a esse ponto, Ethan já não chorava — e por que, nesses dois dias que você desapareceu, Luis Henrique Nuevo não moveu um músculo para te ajudar? Ou você acha que ele não sabia que uma das garotas mais importantes da linha de transporte da Dinamarca estava desaparecida? Que por uma mera coincidência é sua filha?

A pergunta me fez fechar os olhos e sentir meu coração acelerar.

— você está mentindo... — falei com a voz fraca, tentando lutar contra os sentimentos que estavam me sobrevoando.

O monitor dos batimentos cardíacos começou a aptar, médicas entraram na sala pedindo para que Ethan saísse, mas minha atenção estava unicamente focada em mim, que falava que aquilo era mentira.

Porém, segundos depois, meu último vislumbre de visão foi de ver Ethan pelo espelho de vidro, com uma expressão triste no rosto.

Passado vol.1 - El finOnde histórias criam vida. Descubra agora