¹⁹

9 1 0
                                    


O sol da Dinamarca me saldou quando acordei, sentindo meu rosto sujo.

Tentei abrir os olhos, mas percebi então que os mesmos estavam sujos demais para serem abertos.

Passei minha mão com cuidado ali, sentindo dor pelo corpo inteiro.

Fiquei em silêncio por um momento, tentando saber se havia alguém ali comigo. Seja no closet do meu quarto, no banheiro, do lado da cama ou na sacada.

Mas tudo o que escutei foi o silêncio.

Consegui abri os olhos, olhando vagamente para minha barriga, vendo ali sujo de sêmen.

— eu estou suja — murmurrei para mim mesma, passando a mão em meu peito, que por sua vez começava a tremer, quando comecei a chorar — eu sou suja.

A constatação me fez começar a chorar mais. A sentir minha intimidade vibrar e a doer, a meu meu coração dar pontadas e o cheiro inconfundível de sêmen invadir minhas narinas.

Me fez colocar a mão na boca, e a tentar controlar o choro; olhar ao redor do quarto lilás fraco, procurando algum meio de focar e esquecer aquilo tudo.

Me fez virar com brusquidão para o lado, quando o vômito me atingiu com força, fazendo com que eu começasse a tossir.

Ouvi o clic da porta.

Ouvi passos entrando, e tentei não me encolher quando continuei virada para a sacada, ignorando quem quer que estivesse ali.

— eu acho que fui muito duro com você — a voz de Ethan soou, me enjoando mais — não era para ser assim, Maggie.

— você acha, Ethan? — falei com a voz fraca, sentindo meu corpo da mesma maneira — você acha que foi duro comigo?

— Maggie — um suspiro, pude sentir a cama afundar — você... — ele tentou tocar meu braço, mas o puxei com força, fechando os olhos de forma firme quando minha intimidade deu uma forte pontada.

Eu estava destruída.

Ethan conseguiu ser pior do que a primeira vez, do que a segunda, até mesmo as outras.

Ou será que eu apenas havia desaprendido? — pensei, olhando para o céu.

— você precisa aceitar ajuda, princesinha — a voz calma soou nos meus ouvidos, como um pai falando com sua filha depois que se negou a lhe comprar um doce — precisa entender que...

— não, Ethan — me virei, lhe encarando — você precisa entender que me machucou fisicamente e psicologicamente. Você precisa entender que não se pode estuprar uma mulher e depois...

O aperto no meu rosto me fez parar de falar, fazendo com que meu rápido lapso de coragem sumisse aos poucos.

— repita a última parte novamente — falou, olhando fixamente nos meus olhos — repita que eu lhe estuprei, Maggie.

Neguei com a cabeça de forma lenta, abaixando a mesma logo em seguida, quando saí do seu aperto.

— você quer que eu chame alguém para cuidar de você, Maggie? — perguntou com a voz grossa, me olhando com os braços cruzados — ou você quer que eu cuide de você?

Confirmei tirando uma mexa de cabelo do rosto, olhando para minhas mãos.

— palavras, Catarina.

— eu quero que você cuide de mim, Ethan — falei, sentindo a raiva me invadir.

Ninguém iria me ver em situações tão humilhantes novamente.

Passado vol.1 - El finOnde histórias criam vida. Descubra agora