Capítulo 5: O Guardião do Segredo

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Harry foi acordado de um sono agitado por um assobio agudo. Ele se desenrolou um pouco da poltrona e esfregou os olhos. Havia uma chaleira de ferro fundido com uma alça longa sobre o fogo na frente dele, deixando um rastro de vapor pela sala.

Com a mente ainda nebulosa, ele se lembrava de adormecer no tapete, depois acordar e se mudar para a poltrona em algum momento da madrugada. Ele empurrou o óculos mais para cima do nariz e Riddle entrou em foco, ou melhor, suas costas entraram.

Seus braços se moviam enquanto trabalhava em algo na bancada da cozinha. Para a surpresa de Harry, seus pés estavam descalços e ele ainda estava de pijama, calças de algodão e um suéter. Os cachos na nuca estavam levemente espetados, esperando por um pente.

Harry fez uma careta. Apesar da aparência inocentemente desarmante de Riddle, ele se lembrou do juramento que foi forçado a fazer ontem. O sonserino era tão terrível quanto Harry esperava que o garoto que cresceu para ser Lorde Voldemort fosse. Mas era de alguma forma pior do que lidar com Snape ou Umbridge ou o próprio Voldemort, porque Riddle tinha sua idade...

- Oh, você está acordado. Você faria o chá?

Tirado de seus pensamentos, o queixo de Harry se ergueu. Riddle se afastou do balcão e estava segurando uma caixa verde de leite 'longa vida'.

- Você acha que isso está bom para usar?- o outro garoto perguntou, duvidosamente.- Eu acho que o feitiço de preservação estava funcionando, mas realmente; Leite 'longa vida'? O que os trouxas vão inventar a seguir?

Harry só podia olhar em resposta, mas Riddle parecia tomar seu silêncio como um sim. Ele entregou o leite para Harry, que o pegou em silêncio.

- As canecas estão embaixo do balcão na extrema esquerda. Eu tomo com um pouco de leite e nada de açúcar.- ele deu um sorriso rápido e voltou para o que quer que estivesse fazendo.

Harry ficou boquiaberto, totalmente perplexo com sua completa mudança de atitude. Ele esperava receber ordens e ser intimidado a fazer as coisas, mas em vez disso, Riddle o estava tratando como uma espécie de...colega de quarto? Isso estava realmente acontecendo?

Harry olhou em volta impotente, esperando que o ambiente ao seu redor se transformasse no corredor que levava ao Departamento de Mistérios, que o chão ficasse brilhante, preto e liso, refletindo a luz das tochas azuis bruxuleantes.

Mas isso não aconteceu. Nada aconteceu. Acima do fogo, a chaleira ainda assobiava, dando nos nervos de Harry. Sem saber mais o que fazer, ele se levantou, gemendo, se sentindo um pouco dolorido depois de passar uma noite na poltrona, tirou o bule do fogo com um pano enrolado na palma da mão.

Era muito pesado e o calor irradiava através do tecido. Ele hesitou por um momento, porque havia uma parte dele, uma grande parte, que queria dar alguns passos à frente e derramar o conteúdo sobre a cabeça mentirosa e perfeita de Riddle.

Mas isso quebraria sua promessa. Harry se tornaria um aborto.

Carrancudo, ele colocou a chaleira na bancada e preparou duas canecas de chá, discretamente observando Riddle com o canto do olho. Mas o sonserino não parecia estar fazendo nada de nefasto naquele exato momento, na verdade, ele parecia estar preparando mingau em um pequeno caldeirão, que ele então pendurou sobre o fogo.

Ele estava cantarolando enquanto trabalhava, aparentemente de bom humor. Harry rapidamente desviou o olhar, incapaz de ver seu captor fazer algo tão doméstico.

O chá estava feito. Harry sentou-se à mesa, segurando sua caneca entre as mãos. Ele ainda podia ouvir Riddle cantarolando. Como essa se tornou a vida dele?

Ele olhou para as profundezas de sua xícara, como se esperasse que a resposta aparecesse lá como um Grimm nas folhas de chá. Claro, era um pouco inútil tentar ler um saquinho de chá.

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