Capitulo 18: Todos os caminhos levam a Roma

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Harry dobrou as cobertas da cama e as alisou com a mão.

Era uma coisa engraçada, a vontade de limpar agora que eles estavam indo embora. Ele provavelmente não tinha feito a cama durante todo o tempo que passou lá, mas de alguma forma parecia errado deixar o chalé uma bagunça. Ele terminou de colocar os lençóis sob o colchão, então sacou sua varinha e fez desaparecer as embalagens de doces espalhadas pelo chão e o pacote de biscoitos quase vazio na mesa da cabeceira.

O quarto parecia diferente. De alguma forma menor, sem a pilha de roupas descartadas que normalmente ficavam no baú embaixo da cama. Alguns livros solitários foram deixados na estante, a maioria de autores trouxas e alguns livros didáticos do primeiro e segundo ano de Tom. Harry tinha lido todos eles pelo menos duas vezes.

A cama sempre fora tão estreita? Era grande o suficiente para um único adolescente, mas pequena para dois meninos descansarem e dormirem.

E foderem.

Esse pensamento trouxe uma onda de formigamento de calor. Os olhos de Harry moveram-se involuntariamente para a cabeceira da cama.

Não estava marcada, ao contrário dele.

Havia pequenas contusões em seus quadris. Naquela manhã, quando Tom estava preparando o café da manhã na cozinha, Harry tirou a camisa do pijama e as inspecionou. Pequenas manchas roxas, cada uma do tamanho de uma moeda. Marcas digitais. Não eram dolorosas, apenas estavam lá.

Harry alisou a camisa constrangido e ocupou-se em fechar a janela. Assim que ele estava trancando o gancho, a voz de Tom flutuou através da porta aberta.

- Você terminou aí? Eu queria sair há uma hora!

- Sim.- Harry respondeu.- E poderíamos ter saído, se você não tivesse esquecido onde deixou seus galeões!

Tinha sido uma grande confusão. Tom jogou tudo fora de seu baú no chão, então vasculhou a casa inteira de cima a baixo, ficando cada vez mais agitado, apenas para encontrar a bolsinha de dinheiro presa em uma dobra do Feitiço de Expansão Indetectável do baú.

Como esperado, Tom não respondeu. Harry revirou os olhos, mas saiu para a sala principal de qualquer maneira.

Tom estava parado na porta, malão na mão. Apesar de sua impaciência, ele sorriu ao ver Harry.

Harry fez uma careta de volta. Tom estivera muito satisfeito consigo mesmo o dia todo, na verdade, naquela manhã, Harry precisou dar um tapa em sua orelha para interromper suas perguntas "educadas" sobre sua saúde, e, em particular, se Harry estava "dolorido".

- Tudo pronto?

Harry assentiu. Seus olhos vagaram pela sala, demorando-se na mesa de madeira arranhada, no pequeno caldeirão que usavam para cozinhar, na poltrona, no tapete. As memórias subiram como fumaça: assando batatas nas brasas do fogo, Tom gesticulando freneticamente com as mãos enquanto falhava em explicar alguma Aritmância em que estava trabalhando. Brincando com o Pomo.

A nostalgia era uma emoção tão ridícula, decidiu Harry. Era importante que ele não esquecesse o estresse e o tédio que sentira morando no chalé. Como ele ansiava por seus amigos, e por privacidade também; a habilidade de ficar a mais de dez metros de distância de outra pessoa.

Tom abriu a porta. Lá fora, o jardim estava cheio de flores. A grama chegava à altura dos joelhos de Harry em alguns lugares, e a brisa carregava sementes de dente-de-leão no ar.

Tom ficou parado ali, logo depois da porta, e estendeu o braço. Harry olhou para ele por um momento; o menino, o jardim, o sol poente, então atravessou a soleira, fechou a porta e envolveu os dedos timidamente em torno do braço oferecido.

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