Capítulo 20: Todos os caminhos levam a Roma (Parte 3)

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Era como olhar através de um espelho embaçado. O que Rodolphus Lestrange havia dito sobre a estrutura óssea, o rosto...era verdade. Monstruoso, mas ainda reconhecível.

Mas seu poder...

Era algo físico, como uma pressão no ar, uma tempestade iminente. No alto, o teto azul-marinho havia escurecido para uma noite negra como breu.

Tom tentou aparatar. Ele concentrou sua mente em uma imagem do chalé, a cama limpa e vazia ao lado da janela, desejando que ele e Harry, cuja mão ainda estava emaranhada nas costas de sua camisa, se fossem.

Nada aconteceu. As proteções do Ministério eram uma parede impenetrável. As lareiras estavam apagadas, e a entrada dos visitantes era muito longe.

A armadilha finalmente se fechou.

Tom engoliu em seco. Sua boca estava muito seca, mas sua mente zumbia, procurando por algo que pudesse oferecer a Voldemort, algum acordo que pudesse fazer. Qualquer coisa para ficar no corpo que ele lutou tanto para ganhar. Ele não queria passar a eternidade preso dentro de um recipiente, um objeto inanimado a ser escondido de olhos curiosos. Se isso acontecesse...ele poderia muito bem estar morto.

Voldemort estava observando. Havia algo despreocupado em suas maneiras, uma vontade de agir em seu próprio tempo. Seus olhos se moveram lentamente sobre o par, observando a maneira como eles estavam; juntos, varinhas apontadas para ele.

Então seus olhos encontraram os de Tom.

Vermelhos como brasas no fogo. Uma cor tão brilhante, ainda mais chocante pela palidez de seu rosto. E com esse contato, surgiu uma atração quase gravitacional.

Tom respirou fundo. Soou terrivelmente alto no silêncio da sala. Seus pés queriam avançar em direção à parte principal de sua alma.

Ele não ia fazer isso, disse a si mesmo teimosamente. Tom cerrou os punhos, cravando as unhas nas palmas das mãos.

Voldemort inclinou a cabeça para o lado, curioso.

- Venha para mim.- ele ordenou suavemente.

Os dedos de Harry se apertaram em sua camisa. Mas não era necessário. Tom cerrou os dentes e manteve sua posição.

- Eu sei que você sente isso.- disse Voldemort.- E ainda assim você pode resistir. Que estranho. Eu tenho muito mais controle sobre a Nagini.

Atrás dele, Harry estava tremendo. Ou talvez Tom estivesse. Foi difícil dizer. A adrenalina estava correndo por ele, incitando-o a correr.

Voldemort sabia. Seus lábios se contraíram, desafiando-os a tentar.

- Dezesseis...- ele disse suavemente, quando Tom não se mexeu.- Minha Horcrux mais jovem; meu primeiro vínculo com a imortalidade. A princípio não acreditei...presumi que meu diário guardasse apenas uma lembrança, um eco...acreditei que ele havia matado Harry Potter e a garota Parkinson na Câmara Secreta e, depois de terminar o trabalho, voltou a dormir. Mas eu estava errado...você é mais do que uma lembrança, não é, Tom?

Tom estremeceu ao ouvir seu nome, mas não disse nada. Voldemort sorriu levemente e continuou.

- E, no entanto.- disse ele.- Minha inquietação aumentou. Você foi muito cuidadoso, Tom, mas, mesmo assim, havia algo errado. Comecei a receber fragmentos de sonhos estranhos...

Com isso, seus olhos deslizaram para Harry.

- Sonhos muito estranhos.

Harry fez um som muito baixo e estrangulado, soltando a camisa de Tom.

- Bastante.- Voldemort disse, secamente.- E então, lentamente, comecei a cogitar a possibilidade...de pensar sobre o que uma Horcrux viva teórica poderia fazer...uma noite, tentei aparatar na chalé abandonado onde uma vez eu tinha passado meus verões...

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