Harry deu de ombros para Tom no momento em que eles se materializaram no chalé. Ele cambaleou até a fileira de armários da cozinha e, apoiando-se na superfície, usou sua varinha para encher uma caneca com água. Ele bebeu, quase soluçando de alívio, então encheu outro, e outro, até que a queimação em sua garganta finalmente diminuiu.
Tom estava se movendo na sala atrás dele. Houve um som arrastado quando ele tirou os sapatos e um arranhão prolongado quando uma cadeira foi puxada para trás.
Harry não estava pronto para enfrentá-lo. Ele ergueu os olhos para a janela à sua frente. Ainda estava claro lá fora; era de tarde, em vez de noite. O céu era de um azul pervinca perfeito.
Exatamente como o deixaram, uma ou duas horas atrás.
- Você gostaria de uma chícara de chá?
Harry quase pulou para fora de sua pele com a pergunta inesperada. Ele se virou bem a tempo de ver Tom levantar a chaleira de ferro fundido da bancada. Objetivamente, ele sabia que era a poção que o estava deixando tão nervoso. Mas o conhecimento não impediu seu coração de quase bater fora do peito.
- Vou colocar o suficiente para nós dois, que tal?
Harry o encarou, sem entender. Tom parecia ter a impressão de que Harry estava de mau humor e que um pequeno gesto gentil os deixaria bem novamente.
Foi uma falha colossal de empatia. Tanto que Harry ficou pasmo. Tom normalmente era melhor nisso, em saber o que dizer para fazer as pessoas (Harry) fazerem ou sentirem coisas.
Mas, novamente, Harry tinha a sensação de que depois de machucar alguém, Tom raramente ficava por perto para arrumar a bagunça.
- Não.- disse ele para as costas de Tom.- Eu não quero uma xícara de chá. O que há de errado com você?
Tom se virou para ele, franzindo a testa.
- Não seja um mau perdedor...
Harry o empurrou com força no peito. Tom cambaleou para trás e deixou cair a chaleira. Ela atingiu o chão com um alto CLANG.
Harry deu um passo à frente até estar bem perto do rosto do sonserino.
- Um mau perdedor?- ele gritou.- Você acha que isso é algum tipo de jogo? Como se você pudesse me torturar, bagunçar minha cabeça e depois fingir que nada aconteceu?
As feições de Tom estavam imóveis, indiferentes.
- Talvez você devesse ir dormir.- ele disse, friamente.
Para o inferno com ele.
Harry passou por Tom, certificando-se de bater em seu ombro, e atirou-se para o outro cômodo. Se houvesse uma porta, ele a teria batido, em vez disso, ele se contentou em tirar uma fileira inteira de livros da estante e jogá-los no chão.
Ignorando o grito de Tom.
- É melhor você limpar isso!
Ele foi até a cama e quase caiu nela. Havia manchas pretas em sua visão e ele ainda estava tonto. Ele ofegou por um momento, então tirou o pijama de onde estava escondido sob o travesseiro. Demorou um pouco para se contorcer, mas conseguiu se trocar sem se levantar. Uma coisa boa, já que ele não tinha certeza se conseguiria.
Harry deitou de lado. Ainda estava muito quente para um cobertor, então ele puxou um lençol sobre a cabeça e se enrolou em uma bola apertada, de frente para a janela. Ele parecia muito leve e distante de alguma forma, como um balão de hélio cuja corda foi cortada. Quando seus olhos se fecharam, as manchas flutuando em sua visão cresceram como manchas de tinta se espalhando por uma página, formando formas...figuras humanóides com braços longos e mãos em forma de garras...
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A Dangerous Game
RomanceTom Riddle abre a Câmera Secreta no quinto ano de Harry em Hogwarts. Depois que uma tentativa fracassada de extrair a Horcrux na cicatriz de Harry deixa suas almas ligadas, Tom é forçado a sequestra-lo enquanto escapa.