15. É assim que jornalistas trabalham

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Parece que descansar é a última coisa que eu posso fazer ultimamente.

Conversar sobre meus problemas com Taehyun, ao contrário do esperado, não facilitou em absolutamente nada para eu raciocinar direito. E todos os acontecimentos no Concha do Mar – Soobin me ligando, o plano de enrolar ele e Heeseung para eu comparecer nos dois eventos e Taehyun concluindo que aquilo não era uma boa ideia – ficaram martelando feito prego na parede dentro da minha cabeça. Uma super martelada que começava a dar dor de cabeça.

Parecia que não havia uma solução segura para eu resolver sem acabar levando um esporro no futuro.

Eu me sinto sufocado.

Quando a semana começou, perdi toda a segunda-feira entorpecido nesse sentimento desconfortável, mal prestando atenção nas aulas e pouco conversando com o meu melhor amigo – com certeza Taehyun percebeu que eu não estava no meu melhor dia, porque acabou desistindo de puxar assunto comigo nos primeiros dez minutos de aula.

A situação de encontros inesperados com Soobin também deixou de existir. Agora, tínhamos voltado à antiga rotina e raramente nos encontramos pelo colégio.

E Heeseung, infelizmente – ou seria felizmente? – aparecia rondando o colégio também, acompanhado do mesmo rapaz da gravata cor de rosa, vez ou outra conversando com alguém do time de beisebol, e continuava atendendo aos alunos fanáticos pelo seu império e título de príncipe de Tongyeong pelos corredores.

Heeseung continuava lindo, com a mesma aparência e o mesmo modelo do uniforme, mas ao contrário dos dias comuns, quando eu só me preocupava em admirá-lo de longe e ficava feliz por isso, me doeu ver ele agir daquela forma tão natural com as outras pessoas, como se nada de novo ou importante na sua vida tivesse acontecido há quarenta e oito horas atrás, e todo o seu esforço em mudar alguma coisa não tinha valido a pena.

É como se algo no mundo estivesse diferente, só porque eu me sinto diferente com relação à Heeseung.

Não. O mundo continua normal, completamente normal. Exceto eu. Eu era a formiguinha preta passeando pela neve branca.

Por não estar gostando disso, cheguei em casa com a cabeça latejando e zero paciência para aguentar o meu pai. Assim que tirei os calçados na entrada, corri imediatamente para o meu quarto, fingindo que não escutei Namkyung dizer um fraco "olá, filho" para mim, e tranquei a porta com a cadeira da escrivaninha, para ter total controle sobre a minha privacidade.

Não era uma estratégia comum, mas parecia que iria funcionar. A ideia, era que eu precisava me sentir preso fisicamente para tentar compreender o que era estar preso mental e emocionalmente comigo mesmo. Sozinho, sem nada nem ninguém para controlar ou atrapalhar as minhas emoções.

Larguei a mochila no chão e me joguei em cima da cama. Eu deveria ter trocado os lençóis ontem, então o colchão está com um cheiro bem incômodo de suor. Esfreguei os olhos, encarando o teto esbranquiçado do quarto, esperando que alguma fada bondosa surgisse do meu lado e me concedesse o desejo de mudar toda a trajetória da minha vida a partir do dia que eu nasci. Também conta com o dia em que eu percebi não ser feliz pelo jeito que eu pensava ser, pelo o que eu vivo, e que tudo não passava de um simples borrão da infinidade da vida, sobre como tudo pela qual eu luto, nunca foi além de um sonho infantil e inalcançável.

Sim, primeira aula de filosofia do Ensino Médio. Eu estou pensando sobre tudo isso graças a você.

Tá certo. Fora alguns contrapontos, eu preciso priorizar o que tenho de fazer. Descobrir se o motivo dessa crise existencial é porque eu estou mal por ter acabado com a reunião do Heeseung ao mandar a Lee Soojin tomar no cu, ou porque eu me senti confortável com Soobin pela segunda vez consecutiva e isso corroía o ódio que eu sinto por ele, e recompensava por todo o vácuo que ele me causou durante a semana passada.

É Assim Que a Banda TocaOnde histórias criam vida. Descubra agora