9. É assim que um casamento não se torna bonito

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Os meus dedos estão implorando por uma massagem digna de spa.

Infelizmente esse desejo, assim como muitos outros que eu já tive na minha vida, nunca pôde se tornar realidade, nem que eu tivesse implorado para o Coelhinho da Páscoa, Fada do Dente, Papai Noel e todas as outras criaturas místicas que os meus pais juravam de pé junto que existiam só para preservar o pouco da infância que foi detonada da minha vida. Com o tempo, eu apenas me acostumei a aceitar que tudo era típico da imaginação popular, e eu não os julgo, porque às vezes, eu também gostava de acreditar em uma mentira para poder escapar da vida real.

Mas se houvesse uma única estrela, escondida através desse céu noturno de Tongyeong, que realizasse desejos mágicos, eu pediria exatamente isso: uma massagem relaxante nas mãos, depois de eles serem completamente destroçados por causa da quantidade excessiva de ensaios submetidos por Choi Soobin para a banda The Gussets.

Esta noite, enquanto todos nós estamos reunidos na sala de estar da casa da tia Sohyun assistindo ao noticiário, onde está passando sobre um tal atleta da seleção que conquistou mais uma medalha para a Coreia, Soobin não para de andar para lá e para cá pelo corredor, quase criando uma depressão no chão da própria casa, de tão ansioso que os seus passos ressoam pelo ambiente.

Hyunbin está adormecida ao meu lado, com a cabeça encostada no meu ombro, e Jongseong está vasculhando alguma coisa mil vezes mais interessante no seu telefone de tela trincada. Já eu, apenas observo tudo, aguardando a hora em que esse castigo infernal finalmente irá terminar.

E também, já devo ter roído mais da metade das minhas cutículas, destruindo o pouco de beleza que havia sobrado das minhas mãos depois dessa semana cansativa.

— Já se passaram três minutos — Soobin murmurava, girando os pés na porta da cozinha e voltando para a sala. — No site dizia que eles eram profissionais. Que tipo de profissionais se atrasam por três minutos?

Ele estava repetindo a mesma frase a cada dez segundos, atualizando o horário do atraso da nossa carona e o quanto faltava para nos apresentarmos na Crystal Snow.

Particularmente, aquilo não me afetava tanto, porque lidar com o palco era um talento que havia nascido comigo, de acordo com a minha mãe. E Jongseong estava tranquilo também – claro, não era ele quem iria se apresentar na frente da jovem burguesia de Tongyeong! Esse desgraçado.

Nem era para ele estar aqui, na verdade, mas como contribuição por ter nos aguentado durante todo o processo dos ensaios, Soobin achou que Jongseong merecia alguma recompensa – ou uma compensação por não tê-lo aceito na banda – e o contratou como o nosso ajudante de palco e assistente técnico. Era melhor do que nada, e Jongseong praticamente já fazia esse trabalho antes de Soobin definir a sua profissão, então basicamente não mudou muita coisa.

Quanto à Hyunbin, bem, eu não sei definir muito bem o que diabos ela sente de verdade.

Ao longo da semana em que convivemos, pude descobrir um pouco mais da personalidade dela, tentando quebrar aquela primeira impressão de "garota que não estava nem aí para as prováveis ameaças de morte vindas entre Soobin e eu", e posso dizer, está sendo um verdadeiro desafio descobrir quais são as suas verdadeiras intenções.

Hyunbin é extremamente animada. Ela adora aventuras, gosta de conversar, brincar, fazer piadas, e de comer. Ela pode falar sobre qualquer coisa, sempre contando algum fato aleatório que lembrava nos momentos mais aleatórios possíveis, mas que na cabeça dela, havia uma lógica para serem compartilhados. Ela demonstrava sua compaixão conosco dessa forma, e eu a ouvia atentamente, tanto para aumentar o meu armazenamento de fatos inúteis e utilizá-los em uma possível conversa futura, quanto porque Hyunbin contava tudo com tanto entusiasmo, que parecia ser algo realmente importante para ela.

É Assim Que a Banda TocaOnde histórias criam vida. Descubra agora