24. É assim que a vida não te faz desistir

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Decidi que precisava primeiro ser sincero com Heeseung, se eu quisesse descobrir o porquê de eu ainda estar me sentindo indiferente com relação ao nosso beijo.

Conversar com Taehyun na noite passada me fez teorizar que, se eu entendesse como Heeseung se sentia sobre isso, e descobrisse o motivo dele ter me beijado, eu conseguiria organizar os meus sentimentos e dar um sentido melhor no meio de todo aquele caos.

Com isso, talvez eu voltasse a ter o meu coração pulsando por ele de novo, e talvez eu finalmente esqueceria o mico que passei na frente de Soobin.

Além de ser um pedido esperançoso, eu também merecia ouvir da parte de Heeseung umas boas explicações.

Presumi, utilizando a minha péssima intuição, que Heeseung provavelmente estaria enfurnado na biblioteca antes de sair para mais um treino do time de beisebol – eles estavam treinando muito, por causa da partida contra o colégio Dongwon que aconteceria em novembro –, e eu estava certo. Heeseung permanecia concentrado, encostado em uma das estantes dos livros de ficção histórica, formando a típica pose de mocinho de dorama pela qual todo mundo se apaixona, e digitava alguma coisa engraçada pela tela do seu celular.

O Beomgyu do passado teria suspirado ao ver aquela cena, enquanto o Beomgyu do presente, só podia sentir a ansiedade batendo no peito, anunciando que a hora de revelar a verdade finalmente havia chegado.

Me aproximei cautelosamente, apertando o papel sujo e amassado da minha cartinha de amor contra os meus dedos suados.

Heeseung parecia tão calmo, normalmente aquilo me deixava feliz, por ele ser o completo oposto da minha personalidade. Mas agora, tudo nele me trazia sensações desconfortáveis, o que não facilitava muito se o meu objetivo era terminar com aquele gelo que se formou entre nós dois desde segunda-feira.

Reparando que eu estava me aproximando, ele finalmente desgrudou os olhos do aparelho, e me encarou curioso.

Porra de homem bonito que beija bem pra caralho.

— Gyu? — Heeseung limpou a garganta, ajeitando ainda mais a sua postura. Ele também está nervoso pelo nosso reencontro. — Como você conseguiu me achar?

— Acho que te conheço bem o suficiente pra imaginar onde você poderia estar. — Mordi o lábio inferior, sentindo a textura do papel contra a pele da minha mão começar a pinicar. Me inclinei na ponta dos dedos, tentando enxergar alguma coisa pela tela do seu celular, só por curiosidade. — Está falando com o Sunoo-ssi?

— Não — ele balança a cabeça, desligando o aparelho e guardando no bolso da calça do uniforme —, eu estou falando com um conhecido da biblioteca pública. Estou tentando convencer ele a participar dos encontros do Quitute Literário, mas ele continua me contrariando só por brincadeira.

Assenti, fingindo compreender. Heeseung nunca foi capaz de forçar as pessoas a participarem de algo, normalmente o seu carisma já é o suficiente para convencer uma pessoa a atender os seus convites.

Quem seria esse ser misterioso que se negava a cair nos charminhos irresistíveis de Lee Heeseung? Algum nerd encapetado, provavelmente, mas que havia chamado a atenção de Heeseung o suficiente para ele estar gastando tanta energia em convencê-lo a participar do Quitute.

Nem comigo ele teve tanta disposição assim para virar meu amigo. Heeseung teve que esperar quase um ano, depois de ter me acertado na educação física, para conseguir me pedir desculpas. E mesmo que eu não tenha nenhum direito sobre ele ou algo parecido, é incontrolável essa sensação de ciúmes que me corrompe toda vez que ele menciona algo que esteja fora da nossa bolha.

A bolha que eu criei dentro da minha cabeça tinha se estourado no momento em que nos beijamos, mas eu ainda me agarrava a ela como uma espécie de fio de segurança.

É Assim Que a Banda TocaOnde histórias criam vida. Descubra agora