35. É assim que se encerra um ciclo

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— Você acha que eu deveria usar essa gravata, ou vai parecer formal demais para a festa? — Eu perguntei para mamãe, que está me observando da porta do meu quarto, os braços em volta do corpo como se abraçasse a si mesma, confortando o seu ansioso coração de mãe ao me assistir ficar todo arrumadinho.

— Se você deixar o blazer aberto, irá parecer menos formal — ela aponta, e eu puxo uma parte da roupa para fora, sem desabotoar os botões. — E vai ficar charmoso com a gravata, eu já vi em uma revista que isso está na moda hoje em dia.

Torci o nariz, aceitando de qualquer maneira o seu comentário, e virei de costas para desabotoar o blazer, concordando com ela que não importa como eu vá vestido na festa de aniversário surpresa do Sunoo, eu vou acabar parecendo um galã de cinema, graças aos bons genes que ela me passou durante a gravidez.

Finalmente dezembro tinha dado as caras, e o frio se intensificou, despertando toda a preparação anual para a temporada de inverno. Era um entardecer nublado do dia quatro, e eu tinha visto na previsão do tempo do celular que iria chover ao longo da noite.

O que arruinaria nossos planos, em dar uma festa surpresa de aniversário de dezoito anos para Sunoo, que está tendo uma consulta no dentista a essa hora e nem imagina o presente que vai receber dos seus amigos daqui a pouco.

Todos estão animados, pois vamos reunir o grupo inteiro, e o evento acontecerá na casa de Heeseung, aproveitando que os seus pais foram viajar para Seoul e só voltariam daqui a dois dias.

Mamãe me ajudava a decidir a roupa certa, arrumando os últimos detalhes, mas não estava funcionando, pois o seu nervosismo de se encontrar pela primeira vez com Soobin, o meu namorado real e oficial, transparecia pelo tremor das suas mãos.

É bem perceptível isso, mesmo ela garantindo que estava tranquila.

Soobin é o primeiro garoto que eu levo para casa, e será o primeiro que vou apresentar aos meus pais como meu parceiro romântico.

Apesar de acompanhar todas as minhas aventuras amorosas, mamãe nunca chegou a conhecer pessoalmente os rapazes com quem eu me relacionei – e não é por falta do meu incentivo. Eu sempre era o primeiro que sugeria a apresentação aos pais, mas todos os rapazes escapavam das minhas mãos feito gatos correndo do banho.

Depois, eu é que era tomado como o irresponsável da relação...

E também, havia Namkyung. Ainda é um pouco chocante para mim acreditar que ele sempre espionou as minhas peripécias pelos cantos, ouvindo os meus lamentos e não fazendo absolutamente nada para acalmar as minhas dores. Ele também era uma peça importante para o meu relacionamento com Soobin avançar, e eu não estava preparado para assumir isso.

Mas eu tive pouco tempo para pensar, e pouquíssimas ideias de como apresentar Namkyung para Soobin surgiram, e utilizar outro título que não fosse o seu nome verdadeiro ou o nosso real parentesco, me pareceram sugestões inaceitáveis e um pouco ofensivas.

— Arruma a gravata para mim? — Eu pedi, abaixando a minha altura um pouco para mamãe conseguir fazer isso. Ela sorriu, ajeitando com todo cuidado o objeto em volta do meu pescoço.

— Dezoito anos e ainda não sabe como vestir uma gravata? Preciso começar a te ensinar algumas coisas antes da sua formatura... — Ela comentou, usando as mãos habilidosas para formar o laço.

— Minha formatura é só ano que vem mãe, não vamos nos preocupar com uma coisa dessas ainda — eu tranquilizo, revirando os olhos. — O Soobin-ah é quem vai se formar esse ano. Temos que comprar o buquê de flores dele, e ele disse que vai tirar a carteira antes de tentar o vestibular.

É Assim Que a Banda TocaOnde histórias criam vida. Descubra agora