34. É assim que você me olha

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Eu posso ter tomado muitas decisões ruins na minha vida, mas se existe alguma escolha boa no meio de tantas catástrofes, obviamente uma delas foi quando eu decidi entrar para a The Gussets.

E eu não me arrependo de nada.

As palmas abaixo de mim soam como trombetas do céu, o meu rosto inteiro está doendo de tanto que estou sorrindo, a minha garganta seca se mistura com a falta de ar da respiração, e já não sei como dizer em voz alta tudo o que está se passando pela minha cabeça.

Os integrantes também estão animados, caindo na loucura da emoção, e ao juntar as nossas mãos na frente do palco, nos apertando tão forte para criar uma corrente e agradecer ao público, é quando nos tornamos um só, e o sonho que concluímos está diante de nossos olhos, finalmente.

Deixamos o palco lentamente, descarregando os nossos instrumentos enquanto a outra banda está se apresentando no outro palco, mas acaba sendo quase inútil, pois ainda há algumas vozes gritando para receber mais uma música da nossa banda.

Eu sou tentado a obedecer eles, mas precisamos realmente voltar aos bastidores, pelo bem dos nossos corpos cansados e as vozes exaustas de tanto cantar e gritar no palco.

Heeseung não para de dar pulinhos contentes nos bastidores, demonstrando um sorriso de orelha a orelha para nós, e imediatamente dá um abraço apertado em mim e em Hyunbin, ignorando todo o suor das nossas roupas.

— Vocês foram incríveis! — Ele exclamava, dando palminhas com as mãos. — Com certeza vão ganhar essa competição!

— Somos a segunda banda a recém, Heeseung-ssi. Não se pode cantar vitória tão rápido assim — Soobin ralhou, mas foi uma tentativa em vão, pois ele estava ocupado demais sorrindo de satisfação pelo trabalho bem feito.

— Deixa de ser careta, hyung — Jongseong repreendeu, dando um tapinha no ombro do melhor amigo. — Confessa, nós arrasamos. Nós conseguimos arrebentar direitinho aquele palco.

— Graças a nós — eu interrompi, estendendo a minha mão na frente deles. Havia uma rodinha mal formada entre o grupo, e todos os adolescentes me olharam confusos. — Graças ao nosso esforço, ao nosso talento e à nossa união, a gente conseguiu chegar até aqui.

Todos se entreolharam por alguns segundos, assentindo em uníssono, e puseram as mãos em cima da minha – inclusive Heeseung.

Em sincronia, nós contamos até três, balançando as mãos com bastante energia, e as soltamos para cima, com um alto e bem chamativo "The Gussets!" ecoando pelos bastidores.

Eu me sentia completamente vivo depois de ter feito o que eu mais amo no mundo.

As apresentações seguintes foram muito boas, eu confesso, mas nenhuma conseguia encantar a plateia completamente igual a nossa, por mais agitadas ou fantasmagóricas que os instrumentais e as canções dos outros concorrentes soassem. E cada uma tinha a sua peculiaridade chamativa: uma banda possuía apenas dois integrantes, outra, só tinha integrantes mulheres, e a que tocava agora, todos os participantes usavam vestidos vitorianos – como eles conseguiam tocar aqueles instrumentos com tanta facilidade, ninguém sabe.

— Eles estão usando playback — reparou Heeseung, se aproximando de mim. Ele devorava uma sacola de batatinhas chips, e me entregou algumas, sabendo que eu não negaria nada vindo dele. — Por isso parece que está fácil de cantar e tocar a música. Será que isso vai contar como penalidade para o placar final?

— Menos mal pra gente — dou de ombros, devolvendo o saco de batatas chips. — Foram eles que decidiram fazer do jeito mais fácil. Quero ver fazer igual a gente, que tem uma baterista que toca flauta enquanto o violinista solta uma high note.

É Assim Que a Banda TocaOnde histórias criam vida. Descubra agora