17. É assim que você corta o clima

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Se existe alguma coisa que eu mais odeie do que me sentir sufocado, com certeza, é me sentir solitário.

Ultimamente esse sentimento estava consumindo o meu coração e envenenando todos os meus pensamentos sem nenhuma permissão, involuntariamente mudando o meu comportamento e causando um estranhamento por parte de Taehyun e da minha mãe, que eram as primeiras pessoas para quem eu recorria quando precisava de ajuda.

Guardar um segredo de pessoas desconhecidas ou nem tão próximas de você não é difícil, mas quando se trata de alguém que seja próximo de você, aí a situação fica realmente complicada. Além de extremamente dolorosa também.

Era um desafio que, se eu me conheço bem o suficiente, não vou conseguir segurar por muito tempo.

Grande parte da minha dor – e o motivo dela estar sendo exagerada – envolvia o que estava acontecendo dentro da minha cabeça, e o quão forte era esse redemoinho de estimulações para resolver todos os problemas separadamente, o que sobrecarregou a minha consciência. A minha mente, ao ser colocada nesse teatro falsificado, havia se tornado uma montanha de questionamentos e lembranças tristes, todos envolvendo os três contratempos que eu tinha me metido, e imaginar que dentro de cada um deles existia uma consequência diferente, algo que ocorreria se eu acabasse agindo de forma estúpida, era angustiante.

Eu não estou acostumado a pensar no futuro. Sempre fui um rapaz que vive o presente até ao limite, ou resolve os problemas da forma mais imediata possível. Essa nova abertura que a angústia gerou dentro de mim não parecia mais com o velho Choi Beomgyu, o rapaz que eu vivi na pele durante dezoito anos de vida. Esse de agora, que está sentado sozinho no banco da parada de ônibus do colégio, era outra pessoa. Um ser que vestia uma casca falsa e vulnerável no exterior, para esconder os piores segredos que somente o antigo e inconsequente Choi Beomgyu teria a habilidade de se envolver.

Se o Taehyun estivesse aqui, e não trabalhando no seu projeto para o Jornal Escolar, eu não estaria tendo essa crise depressiva sozinho.

Em uma tentativa desesperada de ignorar toda a ansiedade que me atingia, aumentei o volume dos fones de ouvido até a última nota, deixando que Taylor Swift acolhesse as minhas mágoas melancólicas com a sua voz angelical, cantando sobre os seus amores do passado e como cada relacionamento transformou a sua perspectiva de vida e personalidade.

É um absurdo, se parar para pensar, como a mídia vangloriava o amor como a mais pura e excitante forma de expressão emocional do ser humano, sendo que, na vida real, o amor só nos traz mais problemas e mais problemas. Tudo dependia de como você se entregava a ele, sendo maluco o suficiente para se jogar de cabeça, ou preferir nunca experimentá-lo, sendo condenado a viver solitário por ter escolhido um lado mais racional para viver.

A mídia nunca confessa que no jogo do amor não tem um balanço perfeito. Ou você se ferra de um lado, ou você se ferra do outro. Quem tirar uma vantagem positiva disso provavelmente vive no mundo dos sonhos, porque o bom amor não vem tão facilmente sem que você acabe machucando o seu coração antes.

E eu insistia, arduamente, em permanecer no mundo dos sonhos, porque eu fui ensinado a acreditar no amor da mídia, eu desejei experimentar cada sensação que o verdadeiro amor traria na minha vida igual aos filmes de romance. Eu queria e ainda quero isso. Mesmo que eu já tivesse quebrado a cara tantas e tantas vezes, eu ainda era teimoso o suficiente para insistir que o amor era uma coisa positiva para mim, e que um dia, eu viveria a minha grande paixão avassaladora de conto de fadas.

Por causa dessa crença, eu acabei arriscando todas as minhas fichas, e agora, eu tenho chances de perder a confiança do meu grande e verdadeiro amor. E tudo por acreditar no meu sonho.

É Assim Que a Banda TocaOnde histórias criam vida. Descubra agora